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COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS
Congresso em Foco
22/4/2025 | Atualizado às 13:10
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, alertou nesta terça-feira (22) que não há uma solução simples ou imediata para ampliar a efetividade da política monetária brasileira. Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, ele ressaltou que a normalização da política de juros depende de um conjunto de reformas estruturais e contínuas, fora do alcance exclusivo da autoridade monetária.
Durante sua fala, Galípolo comentou a recorrente perplexidade de interlocutores estrangeiros diante da combinação entre juros elevados e uma economia doméstica em franca expansão. Segundo ele, o Brasil pode estar enfrentando obstáculos na transmissão da política monetária, o que exigiria doses mais intensas para gerar os efeitos esperados.
Veja os indicadores econômicos e projeções apresentados por Galípolo à CAE
"Talvez, os mecanismos de transmissão da política monetária no Brasil não apresentem a mesma fluidez que a gente consegue observar em outros países. Talvez existam alguns canais entupidos de política monetária, o que acaba demandando com que as doses do remédio sejam mais elevadas para que você consiga atingir o mesmo efeito", afirmou.
Assista à audiência pública:
Pressões inflacionárias
O presidente da autoridade monetária reforçou a preocupação com a inflação, que segue acima da meta de 3%, com projeções de 5,57% para dezembro, segundo o Boletim Focus. Galípolo apontou que o índice está disseminado entre diferentes grupos de produtos e não é fruto de choques pontuais.
"Quando olhamos para o IPCA, para os segmentos mais voláteis, administrados ou alimentação domicílio, conseguimos enxergar uma inflação que está bastante acima da meta, fora inclusive da banda superior da meta, disseminada por diversos produtos."
Além disso, ele destacou a importância de manter as expectativas de inflação ancoradas, o que requer atuação firme da política monetária, mesmo em cenários adversos.
Selic elevada e papel do BC
A taxa básica de juros foi elevada para 14,25% ao ano em março, e novas altas estão no radar do mercado. Estima-se que a Selic atinja 15% até junho, o maior patamar desde 2006. O aumento, segundo o Banco Central, visa garantir que os juros estejam em nível suficientemente restritivo para conter o aquecimento da economia.
"O Banco Central, quanto mais ele conseguir ser objetivo, transparente, técnico nas suas decisões, melhor para a estabilidade monetária do país."
Economia aquecida e política anticíclica
Galípolo apontou que o país está vivendo um momento de pleno emprego e forte crescimento, com indicadores de serviços, indústria e comércio próximos dos maiores níveis da série histórica. O PIB cresce acima de 3% há quatro anos, com destaque para a produtividade agrícola e a recuperação do mercado de trabalho.
"Há um dinamismo bastante acentuado da economia brasileira", avaliou. "Não está circunscrito a um setor, especificamente. É algo que está bastante disseminado na economia."
Nesse cenário, ele defendeu o papel anticíclico do Banco Central, que deve atuar para moderar o ritmo da atividade econômica e conter pressões inflacionárias.
"Você deveria tentar segurar a economia, refrear um pouquinho a economia para que essa pressão inflacionária não virasse uma espiral e, a partir daí, não se perdesse o controle da estabilidade monetária."
Riscos do cenário externo
O dirigente também comentou os impactos do ambiente internacional sobre a economia brasileira. Segundo ele, a percepção do mercado sobre o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, passou por três fases desde o fim de 2024 da expectativa de políticas pró-mercado à preocupação com uma eventual escalada tarifária e suas consequências recessivas.
"Você tem dúvidas sobre o que vai ocorrer e quais são os efeitos sobre aquilo que vai ocorrer. Esse cenário foi ganhando força ao longo desse primeiro trimestre, o que sinalizou já uma ideia de um dólar mais fraco e uma atividade econômica mais fraca nos Estados Unidos."
Galípolo alertou que a tradicional busca por ativos seguros em momentos de aversão ao risco está em xeque, dado o papel do dólar e dos títulos americanos no atual contexto global.
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