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ARGENTINOS
Congresso em Foco
21/4/2025 | Atualizado às 12:10
A morte do Papa Francisco, anunciada nesta segunda-feira (21), provocou reações em todo o mundo, mas nenhuma tão carregada de simbolismo e contradição quanto a do presidente da Argentina, Javier Milei. Após anos de críticas duras ao pontífice argentino, incluindo ofensas como "imbecil", "nefasto" e até "representante do maligno", Milei emitiu um comunicado solene em que se despede de Francisco com respeito e reverência.
"Foi com profunda tristeza que soube nesta triste manhã que o papa Francisco, Jorge Bergoglio, faleceu hoje e agora descansa em paz. Apesar das diferenças que hoje parecem pequenas, ter podido conhecê-lo em sua bondade e sabedoria foi uma verdadeira honra para mim", escreveu Milei em suas redes sociais. "Como presidente, como argentino e, fundamentalmente, como homem de fé, despeço-me do Santo Padre e estou ao lado de todos nós que hoje lidamos com esta triste notícia", acrescentou.
O tom contrasta fortemente com declarações passadas. Em diferentes momentos da vida pública, o presidente argentino acusou o papa de promover o comunismo, ser condescendente com ditaduras e até de ocupar a liderança da Igreja Católica como representante do maligno. As falas chegaram a gerar repúdio público de setores católicos na Argentina, com missas organizadas em defesa de Francisco durante a campanha presidencial de 2023.
Do confronto à aproximação
A inflexão no discurso de Milei começou logo após sua vitória eleitoral em novembro de 2023. Dias depois de eleito, o presidente recebeu um telefonema de Francisco que o parabenizou e manifestou votos de união para o país. A partir dali, as críticas deram lugar a gestos diplomáticos.
O ápice da reconciliação ocorreu em fevereiro de 2024, quando Milei foi ao Vaticano para acompanhar a canonização da primeira santa argentina, Mama Antula. O presidente se encontrou pessoalmente com o papa, a quem ofereceu alfajores, doces típicos argentinos, como símbolo de reaproximação e também participou de uma reunião privada no dia seguinte, que durou pouco mais de uma hora.
Segundo o próprio Milei, a experiência foi uma honra. Ele também passou a destacar a atuação de Francisco em temas caros à base conservadora, como a defesa da vida desde a concepção, a austeridade administrativa da Santa Sé e o estímulo à espiritualidade entre os jovens. Esses pontos foram reiterados na nota oficial do governo argentino, divulgada nesta segunda-feira:
"A República Argentina, um país de longa tradição católica e terra do papa Francisco, lamenta profundamente a partida de Sua Santidade. O presidente da Nação acompanha, neste momento triste, todos aqueles que professam a fé católica".
Um papa que nunca voltou
Embora argentino, Jorge Mario Bergoglio nunca visitou seu país natal durante os mais de dez anos de papado fato que gerou especulações, especialmente diante do clima político polarizado. A ausência alimentou teorias e críticas, principalmente vindas da ala mais conservadora da sociedade argentina, onde Milei construiu boa parte de sua base eleitoral.
Em declarações recentes, o próprio Francisco explicou que a visita à Argentina esteve nos planos em diversas ocasiões, mas foi adiada por uma série de razões. Em entrevista ao canal mexicano N+, o papa minimizou as críticas de Milei e disse que, na política, é necessário distinguir entre o que se diz em campanha e o que se faz de fato.
Veja a publicação de Milei a respeito da morte do Papa Francisco:
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