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DISPUTA ACIRRADA
Congresso em Foco
14/4/2025 | Atualizado 15/4/2025 às 10:51
A disputa pela presidência nacional do PT, marcada para 6 de julho, promete ser uma das mais acirradas da história recente da legenda. Cinco nomes já anunciaram que vão concorrer, representando diferentes correntes e visões estratégicas sobre o futuro da sigla. Estão na disputa: Valter Pomar (Articulação de Esquerda), Romênio Pereira (Movimento PT), Rui Falcão (Novo Rumo), Washington Quaquá (CNB dissidente) e Edinho Silva (CNB - Construindo um Novo Brasil), este último considerado o preferido do presidente Lula.
A candidatura de Edinho virou alvo de petistas que defendem um discurso de maior combatividade ao bolsonarismo e uma maior reaproximação dos quadros do partido com as bases históricas do PT. O processo sucessório esquentou no último mês com a renúncia de Gleisi Hoffmann à presidência da legenda para assumir como ministra das Relações Institucionais. O partido é presidido atualmente pelo senador Humberto Costa (PE).
Veja quem são os cinco candidatos já declarados do PT:
Edinho Silva - Construindo um Novo Brasil (CNB)
Ex-prefeito de Araraquara (SP) e ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma, Edinho Silva é o candidato oficial da corrente CNB, a maior e mais influente do partido, da qual Lula também faz parte. Aos 59 anos, ele é tido como favorito da cúpula e conta com o apoio informal do presidente da República, embora esse apoio tenha gerado divisões internas na própria corrente.
Edinho tem viajado pelo país em campanha, o que motivou questionamentos públicos sobre o financiamento dessas atividades, como os feitos por Valter Pomar. Mesmo dentro da CNB, há resistências à sua candidatura, como revelado em um encontro com Lula e Gleisi Hoffmann. A estratégia de Edinho parece ser atrair apoio de setores mais ao centro do partido para garantir uma vitória já no primeiro turno.
Os críticos da candidatura dele alegam que Edinho é moderado demais. Em entrevista à revista Veja, no ano passado, ele disse que o PT precisa ser mais humilde e defendeu que o partido trabalhe contra a polarização política com os bolsonaristas. Já os apoiadores do ex-prefeito ressaltam que ele é um político com boa capacidade de diálogo além das fronteiras do PT, mantendo interlocução com empresários e demonstrando habilidade para articular alianças visando as próximas eleições.
Romênio Pereira - Movimento PT
Atual secretário de Relações Internacionais do PT e um dos fundadores da legenda, Romênio Pereira se apresenta como o candidato da corrente Movimento PT. Natural de Minas Gerais e com trajetória no movimento sindical, Romênio tem atuado nos bastidores da política externa petista e busca imprimir à sua candidatura um perfil conciliador e institucional.
Sua candidatura foi lançada em Maceió e conta com o apoio de quadros históricos da legenda. Embora com menor protagonismo na disputa nacional até o momento, Romênio aposta em sua trajetória de décadas no partido e na sua articulação com lideranças estaduais para construir sua viabilidade.
Romênio já ocupou os cargos de vice-presidente, secretário-geral, secretário de Assuntos Institucionais e secretário de Organização do PT. Nos últimos anos, tem se dedicado a representar o partido em agendas internacionais relevantes, fortalecendo o diálogo com partidos de esquerda da América Latina, Europa e Ásia.
Rui Falcão - Novo Rumo
Presidente do PT entre 2011 e 2017 e atual deputado federal por São Paulo, o deputado Rui Falcão (SP) voltou à cena com o apoio de parte da corrente Novo Rumo, embora nem todos seus integrantes estejam unificados em torno de seu nome. Falcão também conquistou adesões de outras correntes de esquerda, como Militância Socialista, Democracia Socialista e O Trabalho.
Sua candidatura faz oposição direta a Edinho Silva e defende uma estratégia em que o PT não se torne um braço institucional do governo. Falcão defende maior conexão com as bases e o fortalecimento dos mecanismos de participação popular. Apesar de reconhecer a importância do apoio à reeleição de Lula, o deputado insiste na necessidade de o partido manter sua identidade crítica e autônoma.
Rui Falcão é crítico do tom moderado de Edinho Silva e defende que o partido se reconecte com suas bases e seu discurso de fundação. Para ele, é preciso enfrentar com maior dureza o bolsonarismo.
Foi coordenador das campanhas de Lula, em 1994, e Dilma Rousseff, em 2010, à Presidência da República. Jornalista com passagem por grandes redações e pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, tem 81 anos.
Valter Pomar - Articulação de Esquerda
Historiador e dirigente nacional do PT, Valter Pomar registrou sua candidatura pela corrente Articulação de Esquerda, defendendo um projeto socialista e militante para o partido. Ele faz duras críticas ao processo interno de eleição, que, segundo ele, sofre com baixa participação e fraudes. Sua candidatura propõe uma descentralização interna, maior atuação de base e alinhamento com reformas estruturais para uma transformação radical do país.
Pomar considera que o PT deve ser um instrumento real da classe trabalhadora e não poupa críticas ao que vê como distanciamento do partido em relação às suas origens populares. Entre os desafios que aponta para a nova direção estão a mobilização social, enfrentamento ao neofascismo, mudança na política econômica e protagonismo em eventos internacionais como a COP30.
Em carta divulgada nessa segunda-feira (14), direcionada a Rui Falcão, Pomar defende uma aliança entre os dois e Romênio Pereira em um eventual segundo turno contra Quaquá ou Edinho Silva. "Ao longo da marcha, criaremos as condições para uma aliança de segundo turno em torno daquele de nós três que 'chegar lá'. Da minha parte seguirei trabalhando para derrotar de conjunto a política implementada pelas diferentes frações da tendência 'CNB', representadas a preços de hoje por Edinho Silva e Washington Quaquá", afirmou. No texto, o candidato defende que o partido precisa voltar a lutar pelo socialismo.
Washington Quaquá - CNB dissidente
Prefeito de Maricá (RJ) pela terceira vez, Washington Quaquá rompeu com o consenso interno da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) ao lançar sua candidatura contra Edinho Silva. Vice-presidente do PT, Quaquá critica o favoritismo construído em torno de Edinho e questiona se há, de fato, um apoio consolidado de Lula ao ex-prefeito de Araraquara.
O lançamento oficial da candidatura está previsto para 13 de maio, no Rio de Janeiro. Quaquá promete uma revitalização do partido e diz que seu objetivo é devolver ao PT a vocação de estar ao lado do povo. Ele tem criticado abertamente o uso de suposto apoio de Lula como instrumento de imposição e afirma que Edinho não tem apoio das bases nem dos principais estados.
Quaquá, que renunciou ao mandato de deputado federal para assumir a prefeitura de Maricá este ano, é conhecido por posições polêmicas. Uma das mais recentes foi a defesa que fez do deputado Chiquinho Brazão (RJ), preso há um ano como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco. Brazão passou à prisão domiciliar nesse fim de semana. A declaração dele foi alvo de repúdio da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da vereadora e filiada ao PT.
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