Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
FOGO AMIGO
Congresso em Foco
25/3/2025 | Atualizado às 14:40
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou se sentir injustiçada pelas críticas proferidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que a responsabilizou pela derrota nas eleições de 2022, após o episódio em que perseguiu com arma em punho o jornalista Luan Araújo em São Paulo, na véspera do segundo turno. Ao Congresso em Foco, a parlamentar disse que "já pagou bastante" pelo ato.
Pouco mais de dois anos depois do episódio, Carla Zambelli enfrenta o risco real de perder o seu mandato. O caso é julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) em um processo que, apesar de suspenso, já conta com maioria consolidada pela sua condenação.
Em paralelo ao julgamento, cresceu também a pressão a Zambelli por seus próprios aliados. O ex-presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao podcast Inteligência Ltda., alegou que ela teria "arrancado seu mandato". A parlamentar considera errada a análise do antigo mandatário, mas também não vê margem para convencê-lo do contrário. "Se ele entende que não foram as urnas, mas que foi eu, fazer o que?", ponderou.
"Foi algo ruim, mas não acho que foi determinante [para o resultado eleitoral], e eu já paguei bastante, sabe? Estou com depressão desde aquela época, e agora me colocar como culpada de tudo, como se nada mais tivesse acontecido, acho que é um peso muito grande para as minhas costas", afirmou. Por outro lado, não chega a considerar uma covardia as declarações contra seu nome. "Cada um dá aquilo que tem", disse.
Ela ressaltou o argumento levantado por sua defesa, de que ela teria agido após ouvir um estampido e que estaria correndo risco. O relator, Gilmar Mendes, considera que as provas apresentadas não corroboram para esta versão.
Questionada se considera possível reverter o placar no STF, a congressista afirma que "se eles respeitarem o porte federal que eu tinha, sim". Em seu voto, Gilmar Mendes alega que o motivo da tipificação de porte ilegal de arma de fogo não está na documentação em si, mas na forma como o porte foi exercido, uma vez que a permissão era apenas para defesa pessoal.
"O acervo probatório revela que a deputada federal não sacou a arma de fogo e passou a conduzi-la ostensivamente em via pública para garantir sua segurança e integridade física, mas, sim, para perseguir o ofendido já em rota de fuga", disse o ministro.
Carla Zambelli responde no STF por porte ilegal de arma de fogo e por constrangimento ilegal com uso de arma de fogo. A pena sugerida pelo relator é de cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto, pagamento de 80 dias-multa, o cancelamento de seu registro de posse de arma e, por consequência da condenação, a cassação de seu mandato.
O julgamento está suspenso graças a um pedido de vista apresentado pelo ministro Nunes Marques na segunda-feira (24). Zambelli nega a possibilidade de sair da política depois desse episódio, ao menos no curto prazo. "Não pensei nisso ainda. Estou tentando sobreviver primeiro", declarou.
Temas
LEIA MAIS
TENTATIVA DE GOLPE
Moraes é interrompido por gritos durante julgamento de Bolsonaro