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FIM DE UMA ERA
Congresso em Foco
18/3/2025 15:57
Dia 1º de fevereiro de 1991. Uma notícia de grande impacto econômico divide o noticiário político com a posse do novo Congresso Nacional. Os jornais daquela sexta-feira esquadrinhavam o Plano Collor 2, o segundo tiro do governo de Fernando Collor de Mello contra o que o então presidente chamava de "tigre da inflação", anunciado no dia anterior. No plenário da Câmara, um militar reformado, com 35 anos, tomava posse pela primeira vez de um mandato federal.
Desde então, não houve um dia sequer em que não houvesse um membro da família Bolsonaro na Câmara. Pelo menos até esta terça-feira (18), quando o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou que vai se afastar temporariamente do Congresso. "Assumi o mandato parlamentar para representar a minha nação. Eu abdico temporariamente dele para seguir bem representando esses milhões de irmãos de Pátria", afirmou o parlamentar em vídeo. A família continuará representada no Senado, com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), irmão de Eduardo.
Mas como era o mundo no momento que a família Bolsonaro chegou à Câmara?
Em 1º de fevereiro de 1991, o mundo vivia os últimos suspiros da Guerra Fria, conflito iniciado em 1947 entre os Estados Unidos e a União Soviética, caracterizado por rivalidades ideológicas entre capitalismo e comunismo. Sem confrontos diretos entre os dois países, a guerra se manifestou através de corridas armamentistas, espionagem e conflitos indiretos em regiões como a Coreia e o Vietnã. O fim da Guerra Fria ocorreu com a dissolução da União Soviética em dezembro de 1991.
No começo de 1991, os Estados Unidos intensificavam a ofensiva militar no Golfo Pérsico contra as tropas do Iraque, de Saddam Hussein, que invadiram e ocuparam o Kuwait. Sob a liderança dos Estados Unidos, com George Bush (pai) e aprovação da Organização das Nações Unidas (ONU), a Coalizão Internacional expulsou o Exército iraquiano e tomou a região. A vitória da coalizão, em fevereiro daquele ano, teve implicações duradouras e belicosas no Oriente Médio.
Anunciado em 31 de janeiro de 1991, o último dia antes da chegada de Bolsonaro à Câmara, o Plano Collor 2 foi lançado dez meses após o fracassado Plano Collor 1, lembrado pelo confisco das poupanças. O segundo plano pretendia controlar a inflação com novas medidas de congelamento de preços e salários, mas com aumentos em combustíveis e tarifas públicas. Adotou a Taxa Referencial (TR) e acabou com o overnight, fundo de investimento de curtíssimo prazo. Depois de um breve momento de sucesso, a inflação voltou a subir, levando à demissão naquele ano da ministra Zélia Cardoso de Mello, da Economia.
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguais assinaram o Tratado de Assunção naquele ano, que definiu regras e condições para a criação de uma zona de livre-comércio entre os quatro países.
Em 1991, a seleção brasileira de futebol ainda amargava um jejum de mais de 20 anos desde o tricampeonato em 1970 na Copa do Mundo. Ayrton Senna embalava as manhãs de domingo com o Tema da Vitória. Naquele ano, ele chegaria ao seu terceiro e último título mundial. A bordo de sua McLaren, Senna conquistou em março daquele ano uma das mais marcantes vitórias de sua carreira. No dia 24 daquele mês, ele venceu o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, depois de perder quase todas as marchas do seu carro e chegar 2,9 segundos à frente do segundo colocado. Exausto, foi carregado nos braços do público.
Pai e filho
No vídeo divulgado nas redes nesta terça, Eduardo Bolsonaro indicou que vai ficar licenciado da Câmara, sem remuneração, para articular no exterior sanções ao ministro do Alexandre de Moraes, relator na Suprema Corte das denúncias contra seu pai e outros réus processados por atos golpistas. Esta é a quarta viagem do deputado para os Estados Unidos apenas este ano. Ele pretendia assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. A indicação de seu nome, no entanto, sofreu forte resistência da base governista, que chegou a pedir a retenção de seu passaporte e a acusá-lo de atentar contra o Brasil.
O deputado está em seu terceiro mandato consecutivo. Durante o primeiro deles, chegou a dividir os corredores da Câmara com o pai. Jair Bolsonaro exerceu mandato de deputado federal entre 1991 e 2018, quando se elegeu presidente da República. O ex-presidente está inelegível até 2030 por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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