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SOB ATAQUE
Oposição pra quê? Seis casos de fogo amigo no governo
Ministro Fernando Haddad é um dos principais alvos de críticas de aliados. Veja alguns dos embates
Congresso em Foco
18/02/2025 | Atualizado às 09h27
A semana começou quente nos bastidores do governo, com dois episódios de "fogo amigo": o texto do advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, próximo do PT, com críticas ao presidente Lula, e a denúncia feita pelo prefeito petista de Maricá, Washington Quaquá, contra a ministra Anielle Franco. Vice-presidente nacional do partido, Quaquá acusou a ministra de ter indicado um funcionário fantasma para a prefeitura. Anielle retrucou, alegando sofrer perseguição política de Quaquá.
Estes não são os únicos casos de fogo amigo trocado entre integrantes do PT - ou aliados próximos, como Kakay - e membros do governo. Desde o início do governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o principal alvo de petistas, que reclamaram publicamente de sua política econômica e fiscal. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), também se envolveu em algumas das polêmicas.
Relembre alguns desses embates:
Gleisi Hoffmann x Alexandre Padilha
A deputada repreendeu com veemência à declaração do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de que o partido tinha ficado no Z4 (zona de rebaixamento) nas eleições de 2024. Gleisi cobrou respeito do colega com o próprio partido.
"O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas na minha avaliação, não saiu do Z4 [zona de rebaixamento] das eleições municipais. (...) Acho que o PT vai fazer uma avaliação sobre isso, certamente sobre esse resultado, como virar um partido com mais protagonismo, sobretudo nas grandes cidades, nas médias cidades."
Alexandre Padilha, em entrevista coletiva em 28 de outubro de 2024.
"Temos de refrescar a memória do ministro Padilha, o que aconteceu conosco desde 2016 e a base de centro e direita do Congresso que se reproduz nas eleições municipais, que ele bem conhece. Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema direita. Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças. Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados. Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam."
Gleisi, em mensagem publicada nas redes sociais em 28 de outubro de 2024.
Lindbergh Farias x Fernando Haddad
Em abril de 2023, logo após a apresentação do chamado arcabouço fiscal, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) disse à Folha de S.Paulo que o projeto de Haddad lembrava uma tentativa de "pacto com o diabo".
"Eu me lembro do Grande Sertão Veredas, em que o Riobaldo tenta vender a alma ao diabo e o diabo nem responde. É mais ou menos o que está acontecendo com o arcabouço".
Lindbergh, em entrevista à Folha de S.Paulo em 5 de janeiro de 2023
"Não fiz pacto nem com A nem com B. O que eu fiz foi fechar uma equipe técnica de altíssima qualidade, definir um desenho, levar esse desenho para pessoas tão diferentes quanto Esther Dweck [Gestão] e Simone Tebet [Planejamento], que pensam muito diferente, e falar com Ministério do Desenvolvimento, Casa Civil, presidente da República".
Haddad, em entrevista à Folha de S.Paulo em 7 de janeiro de 2023
Gleisi e PT x Haddad
Em dezembro de 2023, o PT aprovou uma resolução com críticas à política econômica e fiscal do governo. A Resolução Eleitoral do PT defendia o aumento de gastos públicos como forma de aquecer a economia e criticava a manutenção da política de austeridade do governo anterior.
"Não faz nenhum sentido, neste cenário, a pressão por arrocho fiscal exercida pelo comando do BC, rentistas e seus porta-vozes na mídia e no mercado. O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC 'independente' e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país", afirma o documento.
Trecho da resolução do PT.
"Olha, é curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: 'A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!' E o Haddad é um austericida. Então, ou está tudo errado ou está tudo certo."
Haddad, em entrevista ao jornal O Globo em 2 de janeiro de 2024
"Não dá para celebrar Bolsa, juros, câmbio, emprego, risco-país, PIB que passou o Canadá, essas coisas todas, e simultaneamente ter a resolução que fala 'está tudo errado, tem que mudar tudo'."
Haddad, na mesma entrevista ao jornal O Globo em 2 de janeiro de 2024
"É um direito do partido e até um dever fazer esses alertas e esse debate, isso não tem nada de oposição ao ministro e nem a ninguém. É da nossa tradição",...
Gleisi, em entrevista ao jornal O Globo em 2 de janeiro de 2024.
Alexandre Silveira x Rodrigo Agostinho
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, cobrou do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, decisão do órgão para pesquisar a viabilidade da exploração na Foz do Amazonas. Nesta terça-feira (18), Alexandre disse que Agostinho "não pode enrolar", fazendo eco à crítica feita semana passada pelo presidente Lula, que reclamou do "lenga-lenga" do instituto.
"[O Ibama] É um órgão público, comandado pelo presidente da República. Quem está sentado naquela cadeira devia ter a consciência que o cargo é do presidente da República"
Kakay x Lula
O advogado Kakay divulgou a aliados uma carta em que faz um diagnóstico crítico do terceiro mandato do presidente Lula. No documento, ele alega que Lula está "isolado", "capturado" e que "não faz política". O texto foi escrito em meio à crise de popularidade do governo, que enfrenta seu pior momento de acordo com o Instituto Datafolha.
"O Lula do terceiro mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política".
Kakay, em mensagem enviada a amigos
Quaquá x Anielle Franco
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi acusada pelo correligionário Washington Quaquá, atual prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente do PT, de ter indicado um funcionário fantasma para a prefeitura.
A ministra rechaçou as acusações, classificando-as como desinformação e fake news, e promete responder com medidas cabíveis. A tensão entre Anielle e Quaquá se acentuou após o vice-presidente do PT defender, em janeiro, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, acusados de envolvimento no assassinato da irmã da ministra, a vereadora Marielle Franco. Anielle já havia pedido investigação contra Quaquá por uma foto com a família Brazão.
"Na esquerda e na direita essa gente virou santo de bordel. Isso tem tirado a credibilidade da política. Vou entrar com pedido na Comissão de Ética nesta semana e mostrar ao PT todos os indícios que já tenho"
Quaquá, em entrevista ao Globo em 18 de fevereiro de 2025
"A ministra Anielle Franco afirma que perseguição política e violência política não serão toleradas e toda e qualquer tentativa de desinformação e fake news serão respondidas à altura, por medidas cabíveis."
Anielle, em nota divulgada à imprensa em 18 de fevereiro de 2025
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