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PRESIDENTE EM APUROS
Congresso em Foco
18/02/2025 | Atualizado às 11h32
O presidente argentino, Javier Milei, enfrenta a maior crise de seu governo após a promoção de uma criptomoeda, a $LIBRA, que resultou em prejuízos para milhares de investidores. A situação gerou questionamentos sobre possíveis irregularidades do líder de direita em suas relações com negócios privados, levando a investigações internas no governo, ações judiciais na Argentina e até mesmo um pedido de investigação nos Estados Unidos. A oposição argentina trabalha em pedidos de comissão parlamentar de inquérito (CPI) e impeachment. Milei nega qualquer intenção de promover a criptomoeda e afirma ter agido de boa-fé.
Entenda a crise:
O endosso nas redes
Na sexta-feira (14/02), Milei promoveu a $LIBRA em suas redes sociais, impulsionando sua capitalização de mercado para mais de US$ 4 bilhões com cerca de 40 mil compradores e um preço que subiu de zero para quase US$ 5 em poucas horas. Posteriormente, houve uma grande retirada de cerca de US$ 90 milhões, fazendo o preço despencar e causando perdas significativas aos investidores. Milei deletou a publicação, alegando desconhecimento dos detalhes do projeto: "Há algumas horas publiquei um tweet... apoiando um suposto empreendimento privado com o qual obviamente não tenho ligação. Não conhecia os detalhes do projeto e após me inteirar decidi não continuar divulgando (por isso apaguei o tweet)". No entanto, a inclusão de dois links diretos para o projeto e para a compra da criptomoeda, além do contrato, na publicação original, reforça a suspeita de promoção ativa da $LIBRA.
Acusação de fraude
O episódio é considerado por especialistas como um "rug pull" - esquema em que os desenvolvedores se apropriam dos fundos dos investidores, deixando o ativo sem valor. Investigadores e a oposição acusam Milei de fraude, formação de "associação ilícita", solicitando seu impeachment, e investigações judiciais estão em curso na Argentina.
Os personagens
O norte-americano Hayden Mark Davis, da Kelsen Ventures, foi peça-chave no lançamento da $LIBRA. Apresentando-se como assessor de Milei, Davis declarou em comunicado e vídeo (16/02) trabalhar com o presidente em projetos de tokenização de ativos na Argentina. Um encontro entre Davis e Milei em 30 de janeiro, segundo publicação de Milei no X, tinha o objetivo de "acelerar o desenvolvimento tecnológico argentino". Davis apontou Julian Peh, da KIP Network (Singapura), como principal patrocinador da $LIBRA. Peh, que também se reuniu com Milei em outubro, atribuiu o fracasso à Kelsen Ventures. Davis prometeu investir US$ 100 milhões para recuperar a liquidez da $LIBRA, incluindo taxas arrecadadas, e pediu o mesmo das plataformas que negociaram o token.
Ele culpou Milei pela retirada do apoio, alegando que seus "associados", Mauricio Novelli e Manuel Terrones Godoy (ex-colegas de Milei), haviam garantido a continuidade do apoio presidencial.
Desdobramentos da crise
A crise política na Argentina inclui ações judiciais contra Milei, pedidos de CPI e impeachment pela suspeita de fraude, investigações governamentais e uma queda de quase 6% na Bolsa de Valores de Buenos Aires, além de alta no dólar e queda nos títulos públicos. O caso também repercutiu internacionalmente, com 40 investidores americanos acionando o Departamento de Justiça, o FBI e a SEC alegando atividades criminosas.
Criptomoedas e o histórico de Milei
Este não é o primeiro caso de Milei promovendo ativos criptográficos problemáticos, levantando questionamentos sobre sua responsabilidade. Ele minimiza sua responsabilidade, comparando a situação ao jogo de cassino e afirmando que os investidores correram riscos voluntariamente.
A versão de Milei:
Em entrevista ao canal Todo Notícia, Milei se defendeu. Veja as principais declarações dele:
"Foi puro ímpeto."
"Eu não promovi, eu espalhei."
"Se você vai ao cassino e perde dinheiro, qual é a alegação se você soubesse que ele tem essas características?"
"Quem entrou lá, que entrou voluntariamente, sabia muito bem no que estava se metendo. São traders de volatilidade. São pessoas que operam com volatilidade. Eles conheciam muito bem o risco. Não é que não saibam do que se trata."
"É um problema entre particulares, o Estado não tem papel algum aqui e eles fizeram isso voluntariamente."
"A chance de haver argentinos é muito remota. São pessoas hiperespecializadas nesse tipo de instrumento."
"Os argentinos perderam dinheiro? Tenho sérias dúvidas. Não acho que haja mais de cinco argentinos. A grande maioria é americana e chinesa."
"Levei um tapa por tentar ajudar aqueles argentinos."
"Achei que era uma ferramenta interessante para ajudar pessoas que, de outra forma, não teriam acesso a financiamento."
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