Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
ECONOMIA
Congresso em Foco
17/02/2025 | Atualizado às 15h03
Engenheiro e doutor em economia pela Universidade de Campinas (Unicamp), Luiz Carlos Mendonça de Barros começou sua carreira como analista financeiro ainda em 1967. De lá para cá, trilhou uma trajetória bem-sucedida nos setores público e privado. Foi diretor do Banco Central, presidente do BNDES e ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em entrevista ao Congresso em Foco, o economista conta que vê com espanto as medidas econômicas e políticas adotadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Para ele, analistas brasileiros do mercado erram ao se "maravilhar" com as ações de Trump, prevendo que terão ganhos com a nova política de taxações.
Assista à entrevista de Mendonça de Barros:
Na avaliação de Mendonça de Barros, o Brasil não passará incólume a elas. O estrago, segundo ele, não será tão grande devido à estrutura democrática e à diversidade comercial brasileira, o que reduz a dependência econômica dos Estados Unidos. "O Brasil nunca foi um componente importante desse arranjo", observa. Segundo ele, o planeta vive o fim de um ciclo, no qual os norte-americanos assumiam o papel de "polícia do mundo".
"A questão é [saber] até que ponto essa desorganização em termos econômico, de segurança, vai criar o mundo em que o princípio do livre comércio, da livre economia é substituído por um discurso populista, no sentido de eu vou cuidar do meu assunto. E o mundo que a gente conhece, que é o mundo do século 19 e da primeira metade do século 20, é o mundo que sofreu por essa desorganização, que não tinha uma regra. Cada um, cada país achava que podia fazer o que fosse melhor para ele", observa.
Armadilha
Para Mendonça de Barros, o Brasil pagará por erros cometidos pela política econômica do governo Lula. Na avaliação dele, o cenário de inflação e juros elevados complica a reeleição do presidente Lula em 2026 e abre caminho para a volta da direita. "Mais uma vez, um governo do PT exagerou nos estímulos econômicos. Teve o seu momento de sucesso o ano passado, por exemplo, em 23, porque realmente houve um crescimento econômico importante, distribuição de renda. Mas como esse estímulo, principalmente o estímulo fiscal, foi exagerado, ele pressionou a capacidade de produção na economia brasileira. E quando você pressiona, você tem mais demanda do que oferta, e o mercado é livre, o preço sobe. Não tem outra forma", afirma.
Mesmo assim, ressalta, não há motivo para um pessimismo tão grande quanto o demonstrado pelo mercado financeiro com a questão fiscal no Brasil. "Eles têm uma forma maniqueísta de olhar a economia", observa. "Estão errando desde 2022 e ninguém pede desculpas. E mais do que isso, aparentemente, pelas primeiras manifestações dos membros mais competentes do mercado financeiro brasileiro [a respeito das medidas de Trump], vão cometer um erro de novo."
Temas
LEIA MAIS
SEGURANÇA PÚBLICA
Guardas municipais comemoram decisão do STF sobre policiamento