Indígenas[fotografo] Marcelo Camargo/Agência Brasil [/fotografo]
O primeiro caso de indígena com
coronavírus foi registrado nesta quarta-feira (01), em Santo Antônio do Içá (AM). A indígena de 19 anos é da etnia Kokama e mora na aldeia São José, há 250 quilômetros da fronteira com a Colômbia. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo. O país vizinho registrou os dois primeiros casos de covid-19 entre indígenas ontem (31).
Em coletiva de imprensa nesta quarta (1), o ministro da Saúde,
Luiz Henrique Mandetta, afirmou que essa é uma grande preocupação para a pasta. "A história de relação dos indígenas com os vírus e patógenos dos não-indígenas, dos caucasianos, dos europeus, enfim, sempre foram histórias em que os indígenas têm uma resposta muito diferente e podem ter curva maior em relação a letalidade e morbidade dessa doença", disse Mandetta.
> Governo não apresentou plano para proteger indígenas do coronavírus
É para evitar que o vírus dizime as populações tradicionais que deputados protocolaram ontem na Câmara, um plano emergencial para o
enfrentamento ao covid-19 nos territórios indígenas, com medidas específicas de vigilância sanitária e epidemiológica para prevenção do contágio e da disseminação do coronavírus. O projeto de lei (PL) foi desenvolvido em parceria do Psol com a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas.
Pelo PL, ficam suspensos todos os mandados de reintegração de posse, imissão na posse, despejos e remoções judiciais ou extrajudiciais, em desfavor de povos indígenas, enquanto durarem os efeitos da pandemia. O texto também prevê que o poder público deve suspender qualquer iniciativa que vise anular os procedimentos de estudo, identificação e demarcação de territórios indígenas em curso nesse período, para que se evite contato com esses povos.
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Segundo alerta da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que consta no projeto, as doenças "infecciosas introduzidas em grupos indígenas tendem a se espalhar rapidamente e atingir grande parte dessas populações, com graves manifestações em crianças e idosos. Essas situações desestruturam a organização da vida cotidiana desses povos e a manutenção dos cuidados de saúde, agravando ainda mais as consequências de uma pandemia".
O texto também ressalta a "elevada prevalência de diferentes doenças e agravos à saúde na população indígena, como desnutrição e anemia em crianças, doenças infecciosas como malária, tuberculose, hepatite B, entre outras, além da ocorrência cada vez mais frequente, em adultos, de hipertensão, diabetes, obesidade e doenças renais".
Segundo consta no documento, essas comorbidades tornam os povos indígenas mais vulneráveis a complicações, o que os coloca como um grupo de vulnerabilidade a ser priorizado nas ações de controle à covid-19.
Veja a íntegra do Plano Emergencial Povos Índigenas
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