O médico João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, reagiu com ironia após ouvir o senador Romeu Tuma (PFL-SP) contestar, na sessão da CPI dos Bingos desta quarta-feira, a versão de que o legista Carlos Delmonte Printes tenha se suicidado.
"Não temos tendência suicida. Gostaria de deixar claro que, se acontecer alguma coisa conosco, que não temos instinto suicida", afirmou João Francisco, na acareação da qual participa juntamente com o irmão, Bruno Daniel, e o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. João Francisco e Bruno estão com escolta policial.
Delmonte, encontrado há alguns dias, foi quem assinou o laudo da morte do petista. Há cerca de dois meses, ele revelara que Daniel foi torturado antes de ser executado com oito tiros em janeiro de 2002.
Em outro momento do depoimento, o senador
Magno Malta (PL-ES) pediu que os irmãos do prefeito assassinado descrevessem a relação que tinham com Carvalho. Eles afirmaram que o chefe de gabinete é um homem descente, porém subordinado à "quadrilha de Santo André", grupo comandado por Sérgio Oliveira, o sombra, acusado de mandar matar Celso Daniel.
"Ele (Carvalho) foi uma pessoa que sempre nos atendeu respeitosamente. Agora ele é forçado a dizer não, mas por dentro ele sabe o que aconteceu", afirmou João Francisco.
Celso Daniel foi assassinado em 2002, quando era prefeito de Santo André. Ele foi seqüestrado depois de sair de um restaurante onde havia jantado e foi encontrado morto no dia seguinte em um matagal. Na época, a polícia considerou a hipótese de crime comum como a mais plausível. Porém, depois das denúncias de caixa dois envolvendo o PT, o caso voltou à tona, sob a suspeita de motivações políticas.