Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
13/01/2021 | Atualizado às 11h45
Outro dos alvos preferenciais de Bolsonaro é a imprensa. Neste caso, a animosidade do presidente com órgãos de comunicação tem apresentado resultados negativos tangíveis. De acordo com a ONG Repórteres sem Fronteiras, o Brasil integrava o rol de países com "situação problemática" em relação à liberdade de imprensa em 2019, o que fez com que o país caísse duas posições no ranking da entidade, indo para a 107ª posição. "O 'gabinete do ódio' que cerca o presidente brasileiro publica ataques em larga escala a jornalistas que fazem revelações sobre políticas do governo", aponta a RSF em seu relatório. "Desde o início da epidemia de coronavírus, Jair Bolsonaro redobrou seus ataques à imprensa, que ele considera responsável por uma 'histeria' destinada a gerar pânico no país."Você sabe o que é o Foro de SP? basicamente é roubar seu dinheiro para manutenção no poder de alinhados políticos e muito mais como descrito na imagem. Pesquisem e se informem sobre este perigo que destrói o Brasil há décadas e pode acabar com nossa liberdade brevemente: pic.twitter.com/6HnnjhHkS8
- Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 14, 2018
- IMPRENSA, TOME VERGONHA NA CARA! pic.twitter.com/XPrOc944d6
- Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 17, 2020
Foi pela rede social, que o presidente encontrou outra maneira de emperrar o trabalho da imprensa: bloqueando perfis de jornalistas no Twitter. O STF já iniciou o julgamento virtual sobre a questão no dia 13 de novembro do ano passado - mas um pedido de destaque do ministro Nunes Marques, indicado por Bolsonaro um mês antes, emperrou o julgamento. Enquanto a questão não é concluída pela suprema corte, um número incerto de profissionais da comunicação não pode acessar a conta presidencial. O presidente também já usou suas redes sociais para mensagens consideradas por muitos como antidemocráticas - mesmo que cifradas. Em janeiro de 2019, Bolsonaro foi ao Twitter instantes após o então deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) anunciar sua saída do Brasil, por conta de ameaças sofridas por ele. A mensagem do presidente, por mais que não citasse o nome de seu antigo desafeto, deixou pouca margem para dúvida.- Não existe qualquer reforma ministerial a caminho, até porque o Governo está indo muito bem, apesar dessa banda podre da imprensa.
- Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 22, 2019
O Congresso em Foco buscou o Twitter para entender se a plataforma promove uma vigilância constante deste tipo de conteúdo, e para saber se o caso de Jair Bolsonaro é analisado pelo site. Em resposta, o Twitter disse que possui regras que determinam os conteúdos e comportamentos permitidos na plataforma. "Quando há violação a essas regras, tomamos as medidas cabíveis. Temos sido cada vez mais proativos em detectar conteúdos abusivos na plataforma, sem depender totalmente das denúncias das pessoas, para que eventuais violações sofram as devidas medidas corretivas", afirmou, em nota. Nova jurisprudência Para o professor da Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e membro do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio), Carlos Affonso de Souza, a decisão do Twitter gera um novo tipo de jurisprudência, com as regras de uso definidas pelas plataformas passando a ser mais conhecidas, aplicadas, e gerando com consequências representativas. Se as empresas de tecnologias estariam grandes demais e poderosas demais, quem poderia detê-las? "Primeiramente elas mesmas, com a aplicação coerente e transparente das próprias regras", argumentou o professor. "Muitos destes cenários de ebulição que existem hoje são causados pelas próprias empresas, que transformaram o processo da moderação de conteúdo em uma coisa escondida, misteriosa, onde não se sabe quem faz, por que faz e como faz, nem onde está esta pessoa. Isso não pode ser um departamento escondido e terceirizado das companhias-ele precisa estar à frente." Quanto à capacidade de uma empresa poder silenciar parte ou todo o debate em um outro país, Carlos enxerga no caso Trump um prelúdio do que será o debate sobre a soberania digital - o principal tema no setor para os anos 2020, em sua opinião. "O primeiro capítulo do debate sobre soberania digital virá quando o Twitter aplicar o 'Efeito Trump' em cima de um líder político de outro país", advertiu. "Considerando que isso não será um caso de excepcionalismo americano, isso não deve tardar a ocorrer, especialmente nesse período de vacinação contra covid e movimentações eleitorais" > Câmara dos EUA apresenta segundo pedido de impeachment de Trump > Rede social que abriga extremistas é suspensa por empresas de tecnologiaGrande dia! 👍
- Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 24, 2019
Tags