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Congresso em Foco
21/02/2019 | Atualizado às 08h20
> Pensionistas poderão receber menos que um salário mínimo, prevê reforma da Previdência
> Centrais sindicais convocam manifestações contra a reforma da Previdência
Além da própria natureza polêmica do texto, contribui para embaraçar os planos do governo a própria disputa de poder entre os partidos que sinalizam apoio à gestão Bolsonaro. Como se viu na última terça-feira (19), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mobilizou lideranças partidárias e abriu espaço para a primeira derrota de Bolsonaro em plenário. Uma demonstração de força a indicar que, para além da própria reforma da Previdência, as maiores bancadas da Casa cobrarão mais espaço no governo a cada nova pauta de interesse do Planalto levada ao plenário. Partidos e grandes blocos da Câmara já preparam reação ao texto de Bolsonaro. Líder do maior bloco da Casa (PSL, PP, PSD, MDB, PR, PRB, PSDB, DEM, PTB, PSC e PMN), com 302 deputados, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) disse à reportagem que "todo mundo é consciente de que a reforma precisa ser aprovada", mas, segundo ele, não há clima para votação, dado o patamar de diálogo incipiente do Palácio do Planalto com o Congresso. "Não tem clima, nem ruim nem bom. O governo precisa começar a dialogar, ter uma articulação política mais forte, intensa aqui no Congresso. 'Perder' mais tempo para que as costuras possam evoluir", ponderou o deputado baiano. Ele não se arrisca a dizer se o governo, ao escolher questões impopulares já na formulação da proposta, o faz para depois conseguir negociar uma versão mais branda da reforma.> Confira a íntegra da PEC da reforma da Previdência
"Não sei. Por isso que estou dizendo que o governo precisa dialogar. Tem alguns pontos que são difíceis. Por exemplo o BPC [Benefício de Prestação Continuada] e a aposentadoria rural. O governo não tem uma base consistente e o diálogo sobre o texto da reforma ainda não foi feito", arrematou Elmar Nascimento, que cumpre seu segundo mandato consecutivo na Câmara. "Clima já foi melhor" Deputados mais experientes têm a mesma impressão sobre a falta de diálogo do governo. "Neste momento o clima ainda não é bom. Já foi melhor", admitiu à reportagem um dos líderes do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), na Câmara desde 1991. Favorável à aprovação da reforma, ele prevê muitos ajustes no texto, que "tem coisas demais". "É uma reforma de que o país precisa. Não há como continuar em busca do equilíbrio fiscal sem a reforma da Previdência. Claro que vai haver ajustes aqui no Congresso, até porque tem coisas demais, e isso sequer estava previsto nos comentários ou na divulgação de notícias a respeito", acrescentou o parlamentar. Líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP) manifestou mais otimismo em entrevista ao site. Ele diz ser possível aprovar a reforma antes mesmo de 15 de julho, quando o Congresso entra em recesso, e considera haver um "clima positivo" nesse sentido. "Claro que será necessário haver muito trabalho, muito convencimento, mas o clima é positivo. Há duas preocupações, com o BPC e com o [trabalhador] rural, mas acho que o clima geral é favorável devido à necessidade de se votar pelo país", defendeu o emedebista, relativizando a disputa de poder entre partidos da base. "Não acredito que vai haver esse posicionamento", acrescentou Baleia Rossi, passando a destacar o papel de seu partido - que fracassou em aprovar a reforma da Previdência do correligionário Michel Temer - agora na discussão da proposta de Bolsonaro. A ideia é discutir "item por item", diz. "Majoritariamente, a bancada já tem um convencimento da necessidade de se votar uma reforma. Claro que, agora, vamos discutir a reforma do Bolsonaro, mas como se trata de uma pauta que a bancada defendeu no ano passado, vamos ter um ou outro ponto de divergência, uma ou outra mudança, mas a tendência é positiva", vislumbra o líder do MDB. BPC Líder de uma das maiores bancadas da Câmara - o PSD, que tem 35 membros -, André de Paula (PE) é outro exemplo de que o governo não procurou se antecipar e explicar a proposta de reforma aos parlamentares da base. No mesmo bloco partidário de DEM, PP e PRB, aquele dos 302 deputados, o pernambucano também manifesta apoio à reforma e, ao mesmo tempo, preocupação com a polêmica que ela já desperta. "Essa é uma matéria complexa, com muitas nuances. Temos que ver todas elas", disse o deputado à reportagem, esquivando-se de se aprofundar sobre pontos específicos do texto sob o argumento de que, a partir desta legislatura, fala em nome da bancada. Ele adiantou que a questão "fulcral" do BPC, por exemplo, é uma das que encontram resistências no partido. Pela proposta, o benefício de prestação continuada, salário mínimo assegurado a idosos que não têm condições de se manter, será pago integralmente apenas para quem tiver 70 anos ou mais. Hoje é pago mensalmente à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que comprove não ter meios de se sustentar nem tem auxílio da família. O governo propõe o pagamento de R$ 400 a quem tiver 60 anos. Se a pessoa não tiver direito a se aposentar aos 65 anos, continuará a receber esse valor até alcançar os 70 anos. "Vamos analisar em grupo, na bancada, mas eu tenho repetido que meu partido tem uma vontade grande de ajudar o Brasil, porque entende a importância e a urgência dessa matéria. Tem consciência de que essa é a matéria mais importante dessa legislatura", afirma André de Paula, acrescentando que o sentimento na Câmara é favorável à proposta de Bolsonaro, "muito distinto" em relação à natimorta reforma de Temer. "Sinal ruim" Líderes de partidos do Centrão - grupo que aglutina deputados do chamado "baixo clero" e decidiu diversas votações nas últimas legislaturas - já deram sinais da insatisfação com a reforma, nesse contexto de falta de espaço no governo. Líder do maior partido do bloco, o PP (37 deputados), Arthur Lira (AL) participa de evento da ONU em Nova York e, por isso, não prestigiou a visita de Bolsonaro à Câmara para a entrega da PEC. No Twitter (imagem abaixo), o presidente do PRB (30 membros), Marcos Pereira (SP), criticou a ausência dos militares no texto da reforma.Além do diálogo insuficiente e dos problemas de espaço no governo, outra impressão geral é sobre a falta de articulação governista. O próprio líder do PSL de Bolsonaro na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO), admite que Bolsonaro sequer montou sua base de sustentação. Para o deputado, líderes de siglas como DEM, PP, PSD, MDB e PSDB, que se juntaram ao PSL para reconduzir Rodrigo Maia à Presidência da Casa, ainda não assumiram qualquer compromisso de lealdade com o Planalto. "O único partido que declarou apoio ao presidente é o partido dele, é o PSL. Tem que montar a base. Se ele não montar a base, ninguém vai votar com o governo porque o Bolsonaro tem olhos azuis", disse Waldir ao Congresso em Foco, citando outro recado de "independência" dos líderes da base - na manhã da última terça-feira (19), foi aprovado requerimento para que o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, vá ao Congresso explicar a nomeação de um militar brasileiro para o Comando Militar Sul nos Estados Unidos. Reclamações Partidos como o Solidariedade (13 membros), que compõe bloco com outros oito partidos (81 deputados ao todo), já anunciam uma série de sugestões para modificar pontos da proposta de emenda à Constituição - que, como exige a legislação, carece de dois turnos de votação com ao menos 308 votos entre 513 possíveis. Para o partido, as diretrizes do texto de Bolsonaro "são muito duras" e fixam "uma série de pontos que prejudicam os trabalhadores". O partido vai querer alterar as exigências de aposentadoria para o homem do campo, cujo "trabalho duro o envelhece mais cedo". "Dificilmente conseguirá receber o benefício com essa proposta do governo", diz o partido, que diz também não aceitar a idade igual de aposentadoria para professoras e professores. [caption id="attachment_377695" align="alignnone" width="550"]A ausência dos militares das Forças Armadas na proposta de reforma da Previdência enviada hoje por Bolsonaro à Câmara é um sinal ruim para a sociedade e pode dificultar o andamento da proposta entre os deputados.
- Marcos Pereira (@marcospereira04) 20 de fevereiro de 2019
> Veja como cada categoria vai se aposentar se a reforma for aprovada
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