Pouco mais de um quarto do orçamento previsto com mobilidade urbana foi gasto na última década [fotografo]Renato Araújo/Agência Brasília[/fotografo]
Uma pesquisa do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) divulgado nesta quarta-feira (30) demonstra que apenas 27,2% dos recursos da União aprovados para o Programa Mobilidade Urbana foram efetivamente gastos pelos estados e municípios, entre 2008 e 2019.
> Nova Lei das Telecomunicações: veja a íntegra do texto sancionado sem vetos por Bolsonaro
O pro, que tem como foco a priorização do transporte público, esteve prevista nos três últimos Planos Plurianuais (PPA), mas não teve seus gastos efetivados, conforme a tabela a seguir:
Período do Plano Plurianual |
Recurso Autorizado pela União* (em R$) |
Recursos Pagos*
(em R$) |
Percentual Usado |
Acontecimentos Relevantes |
2008 - 2011 |
3.021.022.431 |
2.751.052 |
0,09% |
-- |
2012 - 2015 |
14.003.916.104 |
1.481.113.454 |
10% |
Copa do Mundo |
2016 - 2019 |
2.913.553.664 |
1.208.282.577 |
40% |
Teto dos Gastos |
*Atualizado pelo IPCA / Fonte: Siga Brasil e Inesc
A comparação entre cada PPA revela a grande diferença de valores previstos nos três períodos: de 2008 a 2011, foram R$ 3 bilhões; indo para um montante 5 vezes maior entre 2012 e 2015, R$ 14 bilhões. O valor, em seguida, sofre uma drástica redução, para a menor quantia da década, R$ 2,9 bilhões.
De acordo com o Inesc, as obras para a Copa do Mundo de 2014 e a fixação de limites para o gasto público explicam esse sobe e desce orçamentário.
"A principal conclusão é o descaso sobre as ações orçamentárias da União para a mobilidade em geral, visto que o que é orçado não é efetivamente gasto", explica Cleo Manhas, pesquisadora do Inesc. "Infelizmente, vimos que na última década, a maior parte dos projetos são desenvolvidos pelos próprios municípios, de forma descentralizada, e - no caso de grandes obras - usando um financiamento do BNDES e da Caixa Econômica Federal, ou seja, recursos extra orçamentários", acrescenta.
A pesquisa foi feita no âmbito do Projeto MobCidades - Mobilidade, Orçamento e Direitos, que busca monitorar o orçamento e a incidência da Política de Mobilidade Urbana. Além dos três PPAs, o estudo também analisou os planos de 10 cidades participantes, separadamente: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Ilhabela (SP), Ilhéus (BA), João Pessoa (PB), Piracicaba (SP), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA) e São Paulo (SP). Esses dados serão levados pelo Inesc à Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, para uma audiência pública sobre o tema.
> Em áudio, Queiroz diz que investigação contra ele "até demorou"
