Jair Bolsonaro [fotografo]Carolina Antunes / Presidência da República[/fotografo]
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) disse nesta terça-feira (7) que vai entrar com uma notícia-crime contra
Jair Bolsonaro no
Supremo Tribunal Federal (STF). Mais cedo, ao anunciar que estava com covid-19, o presidente reuniu jornalistas para uma coletiva de imprensa e chegou a retirar a máscara de proteção.
"Rompendo o isolamento recomendado pelos médicos, recebeu jornalistas de veículos que considera alinhados com suas políticas para informar pessoalmente que está contaminado com o coronavírus. [...] Não é possível que o país assista sem reação a sucessivos comportamentos que vão além da irresponsabilidade e configuram claros crimes contra a saúde pública", diz a ABI em nota.
Bolsonaro recebeu jornalistas da TV Brasil, Record TV e CNN Brasil na manhã de desta terça (7) para anunciar o resultado do exame.
O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal emitiu uma nota cobrando das empresas que os jornalistas sejam protegidos e evitem as coberturas presenciais em frente ao
Palácio do Alvorada e do Planalto dado o "alto grau de exposição e aglomeração gerada pelo Presidente e seus apoiadores, que se recusavam a utilizar máscaras e manter distanciamento, além das agressões aos profissionais da imprensa. Reforçamos mais uma vez a necessidade de que os profissionais sejam protegidos, especialmente agora diante do teste positivo para Covid-19 do presidente Jair Bolsonaro".
O Sindicato também aponta que vai cobrar do
Ministério das Comunicações para que seja mantida a divulgação de informações do Poder Executivo sem expor jornalistas a risco em entrevistas coletivas presenciais, incluindo entrevistas com os ministros, que "devem passar a dar coletivas de forma virtual. Ademais, informamos que, caso haja teste positivo em jornalistas, com a possibilidade dada a partir de tais contatos, não descartamos acionar o presidente da República na Justiça".
Em maio o
grupo Globo e a
Folha anunciaram que não mandariam mais suas equipes ao Palácio da Alvorada. Alegaram que faltava segurança para os seus profissionais atuarem no local, onde eram hostilizados de modo cada vez mais agressivo pelos
apoiadores de Jair Bolsonaro. Antes disso, em março, o
Congresso em Foco já tinha
deixado de cobrir a saída do palácio in loco.
Confira a nota da ABI na íntegra:
Mesmo informado de que estava infectado com o Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro continua agindo de forma criminosa e pondo em risco a vida de outras pessoas. Nesta terça-feira, rompendo o isolamento recomendado pelos médicos, recebeu jornalistas de veículos que considera alinhados com suas políticas para informar pessoalmente que está contaminado com o coronavírus. Na ocasião, o presidente esteve próximo dos jornalistas e chegou a retirar a máscara.
Com essa atitude, infringiu o Código Penal, que, em seu artigo 131, que diz: "Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio. Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa."
Bolsonaro infringiu também o artigo 132 do mesmo código, que prevê pena de detenção de três meses a um ano para quem expuser "a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente".
Não é possível que o país assista sem reação a sucessivos comportamentos que vão além da irresponsabilidade e configuram claros crimes contra a saúde pública.
Diante dessa situação, a ABI está entrando com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal contra o presidente.
Paulo Jeronimo - Presidente da ABI
> Bem-vindos ao clube, Globo e Folha! O jornalismo não cabe em cercadinhos
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