Compartilhamento de notícias falsas é quase uma regra do grupo de empresários reunidos virtualmente e que encampam a bandeira do bolsonarismo. Foto: Divulgação.
Uma das maiores redes de lojas de departamento do país anunciou que vai boicotar a Rede Globo por causa de sua postura em relação ao presidente Jair Bolsonaro. O presidente da Havan,
Luciano Hang, amigo e aliado do presidente desde a campanha eleitoral, disse que não compactua com o "jornalismo ideológico" da Globo. E, por isso, suspendeu a veiculação de propaganda da empresa nos intervalos do Bom Dia Brasil, do Jornal Hoje, do Jornal Nacional, do Jornal da Globo, de Malhação e do Caldeirão do Huck. O
apresentador Luciano Huck é nome cotado para a sucessão de Bolsonaro. O boicote à emissora foi sugerido pelo próprio Bolsonaro, na semana passada, a empresários que o apoiam. Ele também ameaçou não renovar a concessão da TV.
"Não compactuaremos com o jornalismo ideológico e algumas programações da Rede Globo nacional e estamos sendo cobrados pela sociedade e nossos clientes", justificou Hang. "Enquanto esses programas prestarem um desserviço à nação e irem contra os valores da família brasileira, não voltaremos a anunciar", acrescentou o empresário no comunicado (veja a íntegra na imagem abaixo).
A empresa decidiu manter as propagandas nas afiliadas e nos jornais locais vinculados à Globo, que, segundo Hang, "ainda informam a sociedade de forma mais isenta e conservadora". Segundo o empresário, as eleições de 2018 mostraram que os eleitores querem mudança e um país mais conservador.
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Na última segunda-feira (4), uma das maiores redes de supermercados do Paraná, a
Condor, decidiu suspender a veiculação de anúncios publicitários no intervalo dos jornais e das novelas da
TV Globo. Segundo o grupo, a medida é uma maneira de protestar contra a veiculação de matérias "sensacionalistas" que atacam a imagem do presidente
Jair Bolsonaro.
A pressão de aliados de Bolsonaro contra a Globo aumentou desde a divulgação, na semana passada, de reportagem do Jornal Nacional que relata o depoimento de um porteiro que citou o nome do presidente nas investigações do caso Marielle.
Luciano Hang já apareceu em
lives de Bolsonaro e participou de cerimônias no Palácio do Planalto. No ano passado o empresário foi
acusado por funcionários de constrangê-los a votar em Bolsonaro. Na quinta passada, o presidente disse que
perseguição de servidores da área ambiental está prejudicando os negócios de Hang.
"Eu tenho ascendência, porque os diretores, o presidente, têm mandato, porque se não tivessem, eu cortava a cabeça mesmo. Quem quer atrapalhar o progresso vai atrapalhar na ponta da praia, aqui não".
Na ditadura, militares usavam o termo "ponta de praia" para se referir à base da Marinha na Restinga de Marambaia (RJ), para onde eram encaminhados opositores do regime marcados para morrer. A associação de servidores de órgãos federais do meio ambiente anunciou que vai denunciar Bolsonaro no Brasil e no exterior pela declaração.
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Campanha do Congresso em Foco no Catarse[/caption]