Paula Mascarenhas, prefeita eleita de Pelotas (RS).[fotografo]Gustavo Vara[/fotografo]
Das 57 cidades em que o cargo de prefeito estava em disputa neste segundo turno, apenas sete elegeram prefeitas mulheres neste domingo (29). Entre as 114 duplas que disputavam o cargo, havia 19 candidatas do gênero feminino, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Apesar de representarem mais de 51,8% da população e mais de 52% do eleitorado brasileiro, as mulheres seguem sendo minoria na política. No total, as mulheres representaram 33,6% das candidaturas nestas eleições, mas a taxa de eleitas não chega à mesma proporção. No primeiro turno, foram 651 prefeitas eleitas (12,1%), contra 4.750 prefeitos (87,9%). Já para as câmaras municipais, foram 9.196 vereadoras eleitas (16%), ante 48.265 vereadores (84%).
Desde 2009, a legislação obriga que partidos apresentem ao menos 30% de candidatas. Dados reunidos pelo TSE indicam que nem mesmo essa exigência vem sendo cumprida e alguns partidos recorrem a candidaturas de "laranjas", apenas para cumprir sua cota. Nas eleições municipais de 2016, 16.131 candidatos não receberam sequer o próprio voto, o que é um indicativo da candidatura de fachada. De cada dez dos "sem-votos", nove eram mulheres, totalizando 14.417 prováveis candidatas laranjas.
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Apesar disso, o TSE aponta que as candidaturas de mulheres negras cresceu 23% na comparação com 2016. O levantamento envolve candidatas autodeclaradas pretas e pardas. Além de várias mulheres - cis e trans - terem ocupado cadeiras nas câmaras municipais pela primeira vez.
As eleitas
Das mulheres eleitas neste domingo, há destaques como o caso de
Suéllen Rosim (Patriota), primeira mulher eleita prefeita de Bauru (SP), e o da Professora Elizabeth (PSD), primeira prefeita eleita de Ponta Grossa (RS). Há também uma mulher reeleita: Paula Mascarenhas (PSDB), em Pelotas (RS).
O estado que elegeu a maior quantidade de mulheres neste segundo turno foi Minas Gerais, que teve prefeitas eleitas em Contagem, Juiz de Fora e Uberaba. Ponta Grossa (PR) foi a única cidade em que a disputa final ocorreu entre duas mulheres: Mabel Canto (PSC) e Professora Elizabeth (PSD).
As mulheres eleitas prefeitas em segundo turno foram:
- Suéllen Rosim (Patriota-SP) - Bauru
- Professora Elizabeth (PSD-PR) - Ponta Grossa
- Paula Mascarenhas (PSDB-RS) - Pelotas
- Raquel Chini (PSDB-SP) - Praia Grande
- Marília (PT-MG) - Contagem
- Margarida Salomão (PT-MG) - Juiz de Fora
- Elisa Araújo (Solidariedade-MG) - Uberaba
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Candidatas nas maiores cidades com disputa de segundo turno não conseguiram derrotar seus rivais. Em Porto Alegre (RS),
Manuela D'Ávila (PCdoB) ficou atrás de Sebastião Melo (MDB) com diferença de 9 pontos percentuais. Em Recife (PE),
Marília Arraes (PT) conquistou 43% dos votos e também não foi eleita. Em Aracaju (SE) e em Porto Velho (RO), as candidatas Delegada Danielle (Cidadania) e
Cristiane Lopes (PP), respectivamente, também saíram derrotas.
Na capital do Acre, Rio Branco, a incumbente,
Socorro Neri (PSB) foi derrotada por Tião Bocalom (PP) por larga margem: 62,93% a 37,07%. A diferença de votos entre os dois foi de mais de 43 mil votos.
Capitais
Das 26 capitais brasileiras, 25 concluíram o processo eleitoral. Destas, apenas uma elegeu uma mulher para o Executivo municipal:
Cinthia Ribeiro (PSDB), reeleita prefeita de Palmas (TO). A tucana teve 45.555 votos, o equivalente a 36,22%, sendo eleita em primeiro turno mesmo sem ter a maioria absoluta pelo fato de Palmas ter menos de 200 mil eleitores, condição necessária para levar a disputa para o segundo turno.
Além disso,
Macapá (AP) teve o pleito adiado em função do apagão que acometeu o estado no início de novembro. O primeiro turno na capital amapaense irá ocorrer no próximo domingo (6) e o segundo, se nenhum dos candidatos conquistas 50% mais um dos votos válidos, será no dia 20 de dezembro. Dos postulantes a prefeito de Macapá, há apenas uma mulher: Patrícia Ferraz (Podemos).
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Thaís Rodrigues é repórter do Programa de Diversidade nas Redações realizado pela Énois - Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative.
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