Na foto, FHC pouco antes de deixar a Presidência, no Palácio da Alvorada [fotografo] Orlando Brito / PR [/fotografo]
O ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso (FHC) criticou o
governo de Jair Bolsonaro neste domingo (02). Em um artigo publicado no Estadão, FHC lamentou o fato do governo flertar com
crenças "atrasadas que podem prejudicar no largo prazo o nosso destino como nação". O ex-presidente, que também fez carreira como sociólogo e professor, disse que o governo precisa abandonar o criacionismo e o terra-planismo.
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"É pena ver o governo atual
mergulhado em crenças atrasadas que podem prejudicar no largo prazo o nosso destino como nação. Se, em vez de namorar o criacionismo e o "terra-planismo" - uma quase caricatura -, os que nos governam acreditassem mais na ciência, na diversidade e na liberdade", disse FHC.
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Para o ex-presidente, o governo deveria cessar com a "guerra contra o marxismo cultural e o globalismo", tantas vezes verbalizados pelo próprio
Bolsonaro quanto por seus ministros e deveria focar em levar ao povo mais educação, ciência e tecnologia. "Se, em vez de guerrear contra fantasmas (como o "globalismo" ou a penetração "gigantesca" do "marxismo cultural"), os que se ocupam da educação, da ciência e da tecnologia no Brasil voltassem sua vista para observar como se dá a competição entre as grandes potências e dedicassem mais atenção à base científico-tecnológica requerida para desenvolvimento de um país moderno, democrático e que preza a liberdade, estaríamos mais seguros de que nossas inquietações, com o tempo, encontrarão solução", disse.
Fernando Henrique Cardoso teme que o Brasil fique muito para trás em relação aos outros países, justamente por não focar no
desenvolvimento intelectual e tecnológico. "No mundo contemporâneo, a tradução de ciência em tecnologia se acelerou. E o Brasil tem mostrado dificuldade de acompanhar essa aceleração, o que tende a aumentar a distância entre nós e os países mais avançados, limitando as nossas possibilidades de desenvolvimento".
FHC disse invejar os norte-americanos por, apesar das fortes separações raciais, terem desenvolvido um forte sentimento de nação. "Será que conseguimos de verdade criar uma nação consciente de seu destino comum e acreditar que ele seja bom?", questionou ao leitor.
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