Filha de Queiroz demonstra preocupação em mensagem trocada com a madrasta, mostra diálogo interceptado por investigadores[fotograro]Reprodução[/fotografo]
Mesmo no centro das investigações envolvendo o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, o ex-assessor do senador
Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) Fabrício Queiroz procurava demonstrar influência política. O comportamento era reprovado por sua família, que via "burrice" nas movimentações e cobrava que ele se calasse. A avaliação, como mostram mensagens captadas pelo Ministério Público, era de que, ao continuar falando, o amigo do presidente Jair Bolsonaro só agravaria a própria situação.
Em áudio trocado pelo
Whatsapp em outubro do ano passado, Queiroz disse a um interlocutor que poderia fazer contato com o pessoal "da cúpula de cima". O diálogo consta da
decisão do juiz Flávio Itabaiana que determinou a prisão do policial militar aposentado (veja abaixo a reprodução da transcrição).
Em outra mensagem, revelada meses atrás pelo jornal O Globo, Fabrício Queiroz orientava uma pessoa a fazer indicações politicas para gabinetes parlamentares. A publicação da reportagem levou Nathalia Queiroz, filha do ex-assessor parlamentar, e a esposa dele, Márcia Aguiar, considerada desde ontem foragida, a chamarem Queiroz de "burro".
Segundo Nathalia, que também foi assessora de Jair Bolsonaro quando era deputado, seu pai continuava a discutir nomeações em cargos políticos mesmo na condição de investigado. Lotada no gabinete de Bolsonaro, a filha de Queiroz trabalhava como personal trainer no Rio.
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Foto: Reprodução[/caption]
Esposa de Queiroz, Márcia concordou com a filha do marido e ressaltou que não se devia confiar em ninguém, nem mesmo da própria família. Segundo elas, Queiroz foi traído com o vazamento do áudio.
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Foto: Reprodução[/caption]
Márcia diz que as declarações de Queiroz, confirmadas por sua defesa, indicavam para os investigadores que ele tinha contato com outros deputados.
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Foto: Reprodução[/caption]
Em resposta a Márcia, Queiroz diz que o "Anjo" o alertou que ele foi traído com o vazamento do áudio em que demonstrava que ainda influenciava em nomeações em gabinetes políticos. O apelido, atribuído pelos investigadores ao advogado Frederick Wassef, deu nome à operação deflagrada ontem que levou à prisão do ex-assessor de Flávio em imóvel do próprio advogado do filho do presidente, em Atibaia (SP).
O Congresso em Foco procurou a defesa da família de Queiroz para comentar sobre o teor das mensagens. Mas ainda não houve retorno. A reportagem será atualizado caso haja manifestação.
Ao
determinar a prisão de Fabrício Queiroz, o juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, alegou que o ex-assessor poderia atrapalhar as investigações sobre o esquema de rachadinha na assembleia legislativa estadual (Alerj), do qual é apontado como operador do filho do presidente. O juiz também menciona pagamentos feitos em dinheiro vivo por Queiroz de despesas do senador.
Nas 46 páginas de seu despacho, o juiz destaca que o policial militar aposentado, mesmo fora do Rio, tinha influência sobre milícias e não se limitava ao papel de arrecadador de recursos entre os demais assessores de Flávio. O magistrado aponta, citando apurações do Ministério Público, que o investigado também transferiu recursos para a família do senador.
"A análise de suas atividades bancárias permitiu ao GAECC/MPRJ comprovar que Fabrício Queiroz também transferia parte dos recursos ilícitos desviados da Alerj diretamente ao patrimônio familiar do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, mediante depósitos bancários e pagamentos de despesas pessoais do parlamentar e de sua família", diz trecho da decisão.
O presidente Jair Bolsonaro, que é amigo de Queiroz há mais de 30 anos, classificou de
"espetaculosa" a prisão do ex-assessor do filho. Flávio atribuiu o processo e a prisão do ex-funcionário a uma perseguição política para atingir seu pai. O advogado Frederick Wassef ainda não explicou por que abrigava Fabrício Queiroz, mesmo tendo dado declarações em entrevistas recentes de que não sabia do paradeiro dele.