- Olá, D. Dilma, tudo bem?
- Quem fala?
- Eduardo; lembra-se de mim? Achei seu número meio que por acaso, e nós nos falamos outro dia, lembra-se?
- Ah, sim! Lembro-me. Tudo bem?
- Comigo sim; nosso Brasil é que, parece, está meia pedra meio tijolo, não é?
- Pois hoje estou mais animada. O Mantega me disse que, no segundo semestre, o PIB também subirá!
- Puro palpite!
- Como assim? Várias agências também estão estimando a retomada do PIB no segundo semestre, você não acompanha?
- Acompanho. Por isso mesmo digo serem palpites! A senhora ainda não reparou que essas "estimativas" variam conforme o ano passa? Elas sobem, se o crescimento é rápido, ou baixam, se é lento. Tentam, em dezembro, chegar perto do numero real.... Muitas dessas "previsões" são palpite puro, quando não whishful thinking!
- Whish o quê?
- Whishful thinking! Aquele tipo de pensamento que nos leva a concluir que acontecerá aquilo que queremos que aconteça.
- Ah! Mas todas as medidas que estamos tomando são para fazer o PIB voltar a crescer.... Queremos o crescimento sustentável!
- Esse é o problema; "crescimento sustentável" é um oxímoro!
- Alô?! A ligação falhou! Essas teles prestam um péssimo serviço! O que você disse?
- A senhora tem toda razão. Aliás, parabéns pela medida adotada pela Anatel! Essas empresas vendem o que não têm para entregar! O que eu disse é que "crescimento sustentável" é um oxímoro, ou contradição em termos, tal como subir para baixo, ou descer para cima!
- Sua ideias são um pouco estranhas... Por que você diz isso?
- Por que é impossível crescer sempre, quando o Planeta é finito! Afinal, duas pessoas podem viver bem em quarenta metros quadrados, mas não quinhentas! Nem mesmo em um desses ônibus que trafegam em nossas cidades, e aí não é viver bem, não é?
- Mas o planeta é muito grande!
- Deixou de ser, quando nós chegamos a sete bilhões e passamos a consumir para além de cem bilhões de toneladas de materiais a cada ano, um crescimento de mais de 50% desde 1980! Sustentável?
- Ah, você é verde?
- Eu? Só estou preocupado com o futuro dos meus filhos e netos! Aliás, como vai o seu? Ele terá cinquenta anos aí por volta de 2060!
- Mas então, vamos parar de crescer?
- A senhora estava certa ao dizer que o PIB não é tão importante. Falta, agora, insistir e avançar na tese, definindo objetivos mais claros de melhoria de qualidade de vida, e alterar o rumo.
- Mas agora estamos crescendo e distribuindo; melhorou, não é?
- No ritmo dos últimos anos, nem no ano 2.500 estaremos em situação confortável; meio longe, não?
- Não se pode resolver tudo em quatro anos!
- A senhora é candidata à reeleição?
- Não foi isso que eu quis dizer. Só queria dizer que a sociedade não dá saltos!
- Por isso mesmo, quanto mais cedo mudar o rumo, melhor; não?
- Tudo bem! Só que agora estou ocupada. Vou pensar nessas suas ideias. Volte a ligar, foi um prazer.
- O prazer foi meu. Até breve.