Apesar do interesse de Bolsonaro, governo não vê como botar em prática a proposta da PEC dos Combustíveis [fotografo] Wilson Dias/EBC [/fotografo]
Colaborou Caliel Calves*
As denúncias dos
irmãos Miranda envolvendo suposta irregularidade na compra de vacinas pela Índia pode impactar negativamente a agenda de políticas públicas.
Na última sexta-feira assistimos aos depoimentos do deputado federal
Luis Miranda e de seu irmão Luis Ricardo Miranda, servidor do
Ministério da Saúde, em que denunciam que a compra pelo Brasil de vacinas indianas teria sido superfaturada e intermediada por empresa situada em paraíso fiscal. Os denunciantes dizem ainda que houve envolvimento do líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado
Ricardo Barros, para que a operação se efetivasse e que, mesmo tendo conhecimento da denúncia, o presidente da República nada teria feito, o que, se confirmadas as informações, pode configurar crime de prevaricação.
Análises anteriores já apontavam que um dos objetivos da Comissão Parlamentar de Inquérito da pandemia poderia ser a desidratação da popularidade de
Jair Bolsonaro, por trazer à tona discussões que, no ano passado, foram responsáveis por uma queda abrupta na popularidade do presidente. Essas denúncias provavelmente terão impacto direto na popularidade dele e isso poderá ser confirmado pelas próximas pesquisas de opinião que serão publicadas em breve.
Uma das hipóteses ainda é que a
CPI esteja buscando elementos capazes de sustentar um pedido de
impeachment com a finalidade de tornar Bolsonaro inelegível para a próxima corrida presidencial. Isso abriria espaço para que uma candidatura alternativa pudesse ocupar a posição e avançar na narrativa anti PT, a fim de disputar com o
ex-presidente Lula.
Fontes extraoficiais dão conta de que alguns partidos de centro já estudam um desembarque do governo. Ainda, a articulação do governo no Parlamento poderá ficar prejudicada, uma vez que o líder do governo estará ocupado com essas acusações contra si e pode perder sua influência e capital político para as discussões sobre agendas importantes que chegam ao Congresso Nacional, como a
reforma tributária e a
reforma administrativa.
Esses acontecimentos devem impactar nas articulações do governo para fazer avançar suas agendas nas reformas que serão discutidas no próximo semestre, deixando o resultado dessas políticas com um formato mais ao gosto apenas no Legislativo.
Caliel Calves* é coordenador de Projetos do Pensar RelGov, Internacionalista pelo IRI-USP, pesquisador no CAENI/USP, Acelerador na Legisla Brasil e Embaixador do Politize!.
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