Embora marcadamente mais conservador, perfil dos novos senadores revela algumas surpresas. Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Pela forma como agem, pelos discursos que fazem ou mesmo pelo que já declararam nestas eleições, 40 dos 81 senadores que iniciarão a legislatura em fevereiro de 2023 têm, em princípio, alinhamento com Jair Bolsonaro caso ele venha a ser reeleito presidente da República. Com 28 senadores, ele provavelmente não contaria em hipótese nenhuma. E 13, por seu perfil, seriam mais neutros.
Esse é o resultado do levantamento que faz o
Congresso em Foco analisando o perfil de atuação desses parlamentares. Tal situação, porém, não significa que Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, caso venha a ser eleito no segundo turno, terá todos esses 40 senadores na sua oposição, uma vez que não é totalmente ideológica a simpatia de vários deles a Bolsonaro, e não seria impossível uma mudança de posição.
Embora o novo Senado seja marcadamente mais conservador, há alguns aspectos a serem considerados. Em primeiro lugar, tal posição mais conservadora já se observava no caso dos dois terços de senadores que ainda terão mandato até 2027.
O
Congresso em Foco optou por usar no perfil "Bolsonaro" e "oposição", uma vez que nem todos os senadores que se opõem ao atual governo são necessariamente aliados de Lula em um eventual governo do candidato do PT. Casos da senadora
Soraya Thronicke (União Brasil), por exemplo. Ela iniciou seu mandato apoiando Bolsonaro e foi se afastando. Fez uma campanha duramente crítica a Bolsonaro, mas crítica também ao PT e Lula. Provavelmente, irá se manter crítica a ambos os nomes que agora disputam o segundo turno.
Reforços na oposição
[caption id="attachment_463887" align="alignleft" width="300"]

Flávio Dino, do PCdoB, entra na bancada do Maranhão no lugar do bolsonarista Roberto Rocha. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil[/caption]
Em segundo lugar, há casos de nomes marcadamente bolsonaristas que foram substituídos por senadores de oposição. Como Roberto Rocha (PTB), que sairá para dar lugar a Flávio Dino (PCdoB) no Maranhão. Ou Fernando Bezerra Coelho (MDB), que chegou a ser líder do governo e será trocado pela petista
Teresa Leitão em Pernambuco. Ou Elmano Férrer (PP), que será substituído por Wellington Dias (PT). Ou ainda o ex-presidente Fernando Collor (PTB), que sai e terá em seu lugar o ex-governador de Alagoas Renan Filho (MDB), filho do senador
Renan Calheiros (MDB).
Há alguns outros nomes que, embora de oposição, tinham perfil mais discreto do que de quem entra no lugar. Caso de Tasso Jereissati (PSDB) no Ceará, que dará lugar ao ex-governador Camilo Santana, do PT.
Bolsonaristas de carteirinha
[caption id="attachment_453343" align="alignright" width="300"]

Damares Alves mudou o domicílio eleitoral para o DF, mas ainda não sabe se será candidata." width="300" height="202" /> No lugar de Reguffe, o Distrito Federal terá a ex-ministra Mulher
Damares Alves. Foto: Anderson Riedel/PR[/caption]
Em alguns casos, porém, o que se observa é o oposto, com a entrada de fiéis aliados de Bolsonaro. No Distrito Federal, sai José Antonio Reguffe, que termina o mandato sem partido depois de ter circulado pelo Podemos e União Brasil. Reguffe não tinha marcadamente uma postura de oposição. Mas seu substituto é uma bolsonarista de carteirinha: a ex-ministra da Mulher
Damares Alves.
No Rio Grande do Sul, sai também um senador de perfil mais neutro, Lasier Martins (Podemos), para a entrada do atual vice-presidente
Hamilton Mourão (Republicanos).
Outra mudança importante é a saída de Simone Tebet, que foi candidata à Presidência pelo MDB e teve atuação marcadamente oposicionista, especialmente na CPI da Covid. Simone será substituída pela ex-ministra da Agricultura
Tereza Cristina (PP). No Espírito Santo, sai Rose de Freitas (MDB), de perfil mais neutro, e volta o bolsonarista
Magno Malta.
Situações que não se alteram
Finalmente, há situações que não se alteram.
Romário (PL), por exemplo, permanece senador pelo Rio de Janeiro e dá apoio a Bolsonaro. Mas vale lembrar que o ex-craque da seleção começou sua carreira política no PSB e não recebeu declaração de apoio de Bolsonaro durante a campanha ao Rio. O presidente também tinha outro aliado, o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), na corrida ao Senado. O senador
Omar Aziz (PSD), que presidiu a CPI da Covid, foi reeleito no Amazonas. Assim como
Otto Alencar (PSD) na Bahia.
Veja como fica a situação, estado por estado:
AMAZONAS
[caption id="attachment_517132" align="alignleft" width="300"]

Ex-presidente da CPI da Covid,
Omar Aziz permanece na bancada do Amazonas. Foto: Leopoldo Silva/Ag. Senado[/caption]
RONDÔNIA
- Ficam até 2027
Marcos Rogério (PL) - BOLSONARO
Confúcio Moura (MDB) - NEUTRO
- Eleito agora
Sai Acir Gurcacz (PDT) - OPOSIÇÃO
Entra Jaime Bagatolli (PL) - BOLSONARO
TOCANTINS
- Ficam até 2027
Irajá (PSD) - NEUTRO
Eduardo Braga (PL) - BOLSONARO
- Eleito agora
Kátia Abreu (PP) - OPOSIÇÃO
Entra Professora Dorinha (União) - BOLSONARO
MARANHÃO
- Ficam até 2027
Eliziane Gama (Cidadania) - OPOSIÇÃO
Weverton Rocha (PDT) - OPOSIÇÃO
- Eleito agora
Sai Roberto Rocha (PTB) - BOLSONARO
Entra Flávio Dino (PCdoB) - OPOSIÇÃO
PIAUÍ
- Ficam até 2027
Eliane Nogueira (PP) - BOLSONARO
Marcelo Castro (MDB) - OPOSIÇÃO
- Eleito agora
Sai Elmano Férrer (PP) - BOLSONARO
Entra Wellington Dias (PT) - OPOSIÇÃO
CEARÁ
- Ficam até 2027
Eduardo Girão (Podemos) - BOLSONARO
Cid Gomes (PDT) - OPOSIÇÃO
- Eleito agora
Sai Tasso Jeressati (PSDB) - OPOSIÇÃO
Entra Camilo Santana (PT) - OPOSIÇÃO
PERNAMBUCO
- Ficam até 2027
Humberto Costa (PT) - OPOSIÇÃO
Jarbas Vasconcelos (MDB) - OPOSIÇÃO
- Eleito agora
Sai Fernando Bezerra Coelho (MDB) - BOLSONARO
Entra Teresa Leitão (PT) - OPOSIÇÃO
ALAGOAS
[caption id="attachment_540890" align="alignright" width="300"]

Pai e filho; Renan e Renan Filho serão colegas na bancada de Alagoas. Foto: Agência Alagoas[/caption]
- Ficam até 2027
Renan Calheiros (MDB) - OPOSIÇÃO
Rodrigo Cunha (União) - NEUTRO
- Eleito agora
Sai Fernando Collor (PTB) - BOLSONARO
Renan Filho (MDB) - OPOSIÇÃO
MATO GROSSO
- Ficam até 2027
Jaime Campos (União) - BOLSONARO
Carlos Fávaro (PSD) - NEUTRO
- Eleito agora
Fica Wellington Fagundes (PL) - BOLSONARO
MATO GROSSO DO SUL
- Ficam até 2027
Nelsinho Trad (PSD) - NEUTRO
Soraya Thronicke (União) - OPOSIÇÃO
- Eleito agora
Sai Simone Tebet - OPOSIÇÃO
Entra Thereza Cristina - BOLSONARO
SÃO PAULO
- Ficam até 2027
Giordano (MDB) - BOLSONARO
Mara Gabrilli (PSDB) - NEUTRO
- Eleito agora
Sai José Serra (PSDB) - OPOSIÇÃO
Entra Marcos Pontes (PL) - BOLSONARO
SANTA CATARINA
- Ficam até 2027
Esperidião Amin (PP) - BOLSONARO
Jorginho Mello (PL) - BOLSONARO
- Eleito agora
Sai Dario Berger (PSB) - OPOSIÇÃO
Entra Jorge Seif (PL) - BOLSONARO
RIO GRANDE DO SUL
- Ficam até 2027
Luiz Carlos Heinze (PL) - BOLSONARO
Paulo Paim (PT) - OPOSIÇÃO
- Eleito agora
Sai Lasier Martins (Podemos) - NEUTRO
Entra Hamilton Mourão (Republicanos) - BOLSONARO