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15/4/2025 17:54
Em recente estudo publicado por mim e pelo cientista político Márcio Carlomagno na Revista Teoria e Cultura (UFJF), intitulado "As eleições presidenciais brasileiras em Rondônia (2018 e 2022), o domínio da direita no centro do bolsonarismo", analisamos a votação à presidência por seção eleitoral no único estado que concedeu a Jair Bolsonaro (PL) vitória em todos os municípios em ambas as eleições de 2018 e 2022. Os resultados são bastante interessantes e demostram um total domínio de uma direita radicalizada.
A título de ilustração, vale a pena expor alguns achados. 1) a média de vitória do bolsonarismo em seções eleitorais no estado é de 97% nos quatro turnos em disputa; 2) Em 40% dos municípios, Bolsonaro venceu em todas as seções eleitorais em cada turno; 3) Mesmo diante de um resultado inferior em 2022 em nível nacional, em Rondônia não há um arrefecimento da força eleitoral do bolsonarismo, pelo contrário, foi no segundo turno de 2022 que Bolsonaro conquistou o maior número de vitórias em seções eleitorais, chegando a 98% das urnas. De fato, os números impressionam. Principalmente, quando olhamos para o resultado da eleição de 2022 em outros níveis de disputa e observamos um total esfacelamento do campo progressista, em uma situação de praticamente inexistência de oposição ao bolsonarismo, com as únicas exceções de uma deputada estadual petista e um senador moderado do MDB.
Não obstante, quando a análise tem como foco a capital Porto Velho, maior colégio eleitoral do estado, embora também conservador, o quadro é mais favorável à moderação política. Na eleição municipal de 2024, Léo Moraes (Podemos) derrotou Mariana Carvalho (União Brasil), candidata apoiada pelo bolsonarismo, na maior virada entre as cidades que tiveram segundo turno, com Léo superando uma diferença de quase 19% entre o primeiro e o segundo round da disputa. O resultado também pode ser considerado uma das maiores viradas da história das eleições municipais brasileiras.
Assim, a eleição à prefeitura de Porto Velho confirmou o que outras importantes cidades também apontavam: um descolamento entre a disputa nacional polarizada e a realidade local. Embora em nossa análise, uma questão pareça evidente: atualmente não há polarização política entre bolsonarismo e petismo em Rondônia. O que observamos é um quadro completamente hegemônico à uma direita radicalizada, pelo menos no que diz respeito às eleições de 2018 e 2022 no estado. De todo modo, no estado mais bolsonarista do país, Bolsonaro saiu derrotado à prefeitura da capital.
Mas as peculiaridades da disputa de 2024 em Porto Velho não param por aqui. A coligação da candidata do União derrotada à prefeitura possuía mais de dez partidos e elegeu a totalidade dos 23 vereadores da Câmara Municipal de Porto Velho (CMPV), cuja renovação foi de dois terços dos assentos. Na ocasião, dez legendas alcançaram representação, todas situadas à direita, extrema-direita, ou centro-direita do espectro ideológico. Republicanos, com quatro cadeiras, União, PSDB e PL, com três assentos cada, formavam as maiores bancadas. O que poderia parecer um grande problema ao novo mandatário da capital rondoniense, impressionantemente, parecer ter sido rapidamente solucionado.
Num contexto marcado pela fragilidade de coordenação dos partidos políticos na arena legislativa municipal, a dinâmica de articulação entre Executivo e Legislativo tem ocorrido de outra forma. Com o apoio do presidente, o vereador Gedeão Negreiros (PSDB), membro de uma importante família política que há mais de 30 anos possui assentos na CMPV, e do líder do prefeito na casa, vereador Breno Mendes (Avante), Léo Moraes conseguiu em cem dias de governo aprovar a totalidade dos projetos enviados ao parlamento municipal.
Atualmente, podemos afirmar que dos 23 vereadores da CMPV, pelo menos 21 fazem parte da base governista no parlamento municipal. Os outros dois nomes atuam como independentes, mas sem expressar uma oposição direta ao prefeito. Em que pese a habilidade política de Léo Moraes, e o poder de articulação dos vereadores Gedeão Negreiros e Breno Mendes, outros fatores podem ajudar a explicar o sucesso na construção do apoio Legislativo ao prefeito de Porto Velho.
É fato conhecido pela literatura dos estudos de poder local na ciência política brasileira, a dependência que os vereadores possuem em relação ao Executivo municipal. Mas isso por si só não me parece suficiente para explicar uma adesão praticamente total da Câmara Municipal de Porto Velho ao Executivo. Um olhar mais acurado, perceberá que a alta popularidade do atual prefeito, sua moderação, e a dinâmica dos cem primeiros dias de governo em Porto Velho fizeram toda diferença. Resta saber até quando Léo Moraes continuará voando em céu de brigadeiro em sua relação com a CMPV. Vamos acompanhar.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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