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DANDO A VOLTA POR CIMA?
9/4/2025 16:32
Nos últimos meses, o governo federal enfrentou desafios significativos em sua imagem pública, com pesquisas de opinião apontando altos índices de reprovação. No entanto, uma recente mudança na estratégia de comunicação, aliada a medidas econômicas de impacto, parece estar revertendo esse cenário. A campanha "Volta por Cima", lançada para destacar as realizações do governo nos dois primeiros anos de mandato, coincidiu com uma melhora nos índices de aprovação, conforme revelado pela última pesquisa DataFolha. Essa recuperação, ainda que moderada, sugere que a nova abordagem começa a surtir efeito, embora permaneçam incertezas sobre sua sustentabilidade no longo prazo.
A pesquisa DataFolha divulgada em 4 de abril de 2025 mostra que a avaliação positiva do governo (considerada "ótima" ou "boa") subiu de 24% para 29%, enquanto a avaliação negativa ("ruim" ou "péssimo") caiu de 41% para 38%. É a primeira vez que, em quase 2 anos, o DataFolha registra uma alteração acima da margem de erro na aprovação do governo. Esse movimento ocorreu após uma série de anúncios de políticas públicas direcionadas a diferentes segmentos da população, como a liberação de recursos do FGTS, o programa Pé de Meia, a ampliação do Desenrola para pequenos produtores rurais, a promessa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000,00, as novas regras para ampliar a oferta de crédito consignado para trabalhadores e a antecipação do 13º salário para aposentados do INSS. Essas medidas, ainda que algumas estejam em fase de implementação, parecem ter gerado um efeito psicológico positivo, reforçado pela campanha publicitária que enfatiza conquistas e projetos em andamento.
Antes dessa melhora registrada pelo DataFolha, a pesquisa Quest havia apresentado um cenário aparentemente contraditório: um presidente com alta reprovação, mas com vantagem sobre potenciais adversários em um eventual segundo turno. O próprio DataFolha, em 5 de abril de 2025, confirmou essa contradição, apontando que Lula, hoje, venceria todos os nomes da direita numa eleição presidencial. Essa aparente dissonância pode ser explicada pela falta de alternativas consolidadas na oposição, que ainda não conseguiu capitalizar o descontentamento com um nome de forte apelo eleitoral, e também pelo possível início de uma mudança no humor do eleitorado devido às recentes ações econômicas. Se essa tendência de recuperação se mantiver, o governo poderá consolidar um discurso de retomada, elemento fundamental para o próximo ciclo eleitoral. No entanto, o desafio será sustentar esse crescimento de popularidade diante de um cenário econômico ainda frágil e de possíveis desgastes políticos futuros, e que ainda poderá ser impactado pelas medidas adotadas por Donald Trump, taxando as exportações de todos os países, e que poderá ter graves efeitos recessivos em escala mundial.
O foco em resultados concretos em favor da população ajuda a esvaziar a estratégia da oposição, que consiste na "armadilha da crítica", um mecanismo pelo qual qualquer medida adotada, independentemente de seus méritos, é imediatamente desqualificada por setores da oposição e da mídia. A crítica, quando legítima, é inerente ao debate democrático, mas sua validade depende de veracidade, boa-fé e proporcionalidade. Quando vira instrumento de desestabilização, perde sua função construtiva.
Além disso, o governo enfrenta o desafio do extremismo político, liderado por setores da extrema direita bolsonarista, que trata o governo como um inimigo a ser derrubado, e não como um adversário legítimo. Essa polarização dificulta a governabilidade, transformando debates necessários em conflitos ideológicos estéreis. A desinformação disseminada em redes sociais e em veículos como Brasil Paralelo, Jovem Pan e Revista Oeste confunde a população, que muitas vezes não consegue distinguir entre notícias verdadeiras e manipulações.
Para consolidar a recuperação, o governo precisará garantir que as promessas anunciadas sejam efetivamente cumpridas, evitando frustrações, além de incorporar em sua narrativa o combate à violência urbana, especialmente o roubo de celular nas ruas dos grandes centros, o feminicídio e o narcotráfico. Também será indispensável continuar melhorando a comunicação, mostrando de forma clara os benefícios de suas políticas, como a reforma tributária, a geração de empregos e o aumento real do salário-mínimo. Outro ponto essencial é combater o extremismo com medidas como a regulação das redes sociais, o fortalecimento das instituições democráticas e a promoção da educação política. Apesar dos desafios como a herança negativa da gestão anterior e um cenário internacional desfavorável , o governo demonstrou habilidade política ao aprovar sua agenda prioritária. Se conseguir manter o rumo, a "volta por cima" pode se tornar mais que um slogan, mas sim a base de uma recuperação política duradoura.
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