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Ricardo de João Braga
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Eleições 2026
8/4/2025 | Atualizado às 14:29
As chances de o ex-presidente Jair Bolsonaro concorrer à eleição em 2026 caíram de 10% para 2% semana passada. A oposição prometera que ou aprovaria a urgência para o projeto de anistia ou realizaria uma obstrução absoluta nos trabalhos da Câmara dos Deputados. Não conseguiu a urgência, a obstrução foi parcial, e na quinta-feira a reunião de líderes acertou uma pauta de 26 itens para esta semana onde não se achava a palavra anistia. E do outro lado da praça o STF segue em marcha para somar novas condenações ao já inelegível líder do bolsonarismo.
Apesar disso, Bolsonaro segue afirmando que ele, e apenas ele, é o plano A, B e C de seu grupo.
Há performances diferentes dentro do bolsonarismo. A base e um grupo político de seguidores próximos genuinamente apoia o chefe e sonha com uma reviravolta, o inesperado que permita o retorno do capitão ao Planalto. Os caciques e estrategistas, contudo, jogam outro jogo: perguntam como beneficiar-se ao máximo de Bolsonaro sem conferir-lhe poder. Buscam somente instrumentalizá-lo, não desejam sacrificar-se para viabilizá-lo.
Bolsonaro presidiu alijando apoiadores, não demonstrou solidariedade a parceiros em apuros e terceirizou a organização política de seu governo. Com isso construiu a imagem de um político focado no processo eleitoral, dada sua campanha permanente, mas que não solidifica nem um projeto de poder e menos ainda um projeto de governo. O ex presidente é bom ativo eleitoral, mas como parceiro permanente não é confiável. Bolsonaro em 2026 é uma escada para um projeto político, não um pilar dela.
Um dilema então consiste no seguinte: quem decide sabe que Bolsonaro não será o candidato de fato do grupo, contudo, ao não ungir seu preferido, o segundo escalão mantém-se em desacordo e luta interna. Nessa luta, ninguém pacifica o bolsonarismo e abarca integralmente seu potencial. A disputa ainda não está desenvolvida e muito menos resolvida.
Hoje o bolsonarismo é um butim eleitoral atraente para possíveis candidatos presidenciais que assumam esse perfil ideológico, mesmo que parcialmente. Contudo, o tempo corre contra, pois enquanto o ex presidente posterga sua decisão de apoio, se é que virá, os potenciais candidatos perdem oportunidades. Zema, Ratinho Jr., Caiado e Tarcísio certamente desejam a cadeira de presidente. Mas uma campanha mal conduzida, sem apoio, trará o malogro final e um olhar de saudade a uma cadeira senatorial perdida ou mesmo à recondução ao Palácio Bandeirantes. Políticos sonham, mas andam antes com pés no chão pensando em sobreviver.
Bolsonaro tem pouquíssimas chances de ser candidato de fato e de direito em 2026, os números acima, uma brincadeira numérica, aludem ao fato que hoje isso é praticamente impossível. E os votos da oposição não fluirão integralmente para nenhum candidato que não contar com o apoio do cabo eleitoral supremo.
O que Bolsonaro de fato deseja quando afirma que os planos A, B e C para 2026 são ele? Se escolher um candidato cedo demais torna a si próprio desnecessário e um fácil condenado na Justiça. Tarde demais inviabiliza a candidatura de seu grupo. Enquanto não resolver seu próprio labirinto pessoal, o ex presidente não construirá alternativas.
E como um post scriptum acrescentamos que a decisão do STF determinará em boa medida quando Bolsonaro tomará sua decisão. O perfil do ex presidente afiança que ele deve esperar os acontecimentos, não se antecipar a eles.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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