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Lydia Medeiros
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ELEIÇÕES
13/3/2025 | Atualizado às 17:36
Jair Bolsonaro começa a admitir em público que pode não ser candidato em 2026. Ele está inelegível, mas, até aqui, inspirado no Lula de 2018, vinha sustentando a ideia de disputar a Presidência, apostando em ações judiciais para reverter a decisão do Supremo Tribunal Federal. Nesta semana, afirmou que "por enquanto" está no páreo. A expressão pode indicar que o ex-presidente esbarra em limites legais e políticos para sustentar a tática petista na Lava-Jato.
Vários políticos do campo da direita manifestaram desejo de concorrer ao Planalto, como os governadores Ronaldo Caiado e Ratinho Jr. Tarcísio de Freitas está no topo da lista, embora ainda afirme que pretende tentar a reeleição ao governo paulista. A campanha eleitoral, porém, está em curso acelerado, e Bolsonaro sabe que terá de apoiar uma alternativa e declarar-se fora da disputa. A dispersão de votos entre os vários candidatos e a falta de unidade é hoje o grande problema dos adversários de Lula.
Enquanto isso, fica cada vez mais claro que Lula, talvez, não tenha opção a não ser enfrentar (com gosto) a ideia do quarto mandato presidencial. O PT está rachado, como mostram as dificuldades e desentendimentos na eleição interna do partido. A construção de uma candidatura que represente o governo parece uma tarefa impossível a essa altura. Lula cobriu de elogios o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas colocou no Planalto uma voz contrária à política econômica, a deputada Gleisi Hoffmann.
Haddad sempre foi considerado o candidato natural, em caso de desistência de Lula. No entanto, é visto como liberal pelo PT e perdeu parte da confiança do setor financeiro e empresarial. Apesar dos bons resultados do crescimento do PIB, acima das expectativas, e do nível do emprego, a popularidade do governo caiu, e as decisões econômicas deverão ser orientadas daqui em diante também pela ótica eleitoral como mostra a medida provisória do "crédito do trabalhador", que oferece empréstimo consignado com garantia do FGTS. É dinheiro na praça para o consumo, enquanto o Banco Central tenta esfriar a economia para controlar a inflação resiliente, sobretudo a dos alimentos.
As recentes decisões de Lula também mostram que a ideia de reeditar a frente ampla de 2022 foi abandonada. Os interesses do Centrão são difusos, e o governo teria chegado à conclusão que, com ou sem cargos, esses partidos não se alinharão ao PT e seus aliados.
O ex-ministro José Dirceu amplifica esse raciocínio. Em festa de aniversário que reuniu mais de uma dezena de ministros, afirmou que Lula governa "sitiado" pela conjuntura internacional e que setores da direita que hoje participam do governo estão "dormindo com o inimigo". Segundo ele, esses setores apresentam Tarcísio de Freitas "como se fosse alternativa ao bolsonarismo, quando, na verdade, é o próprio bolsonarismo".
Dirceu fez 79 anos. Teve muito poder no primeiro governo Lula e no PT. Quer votar ao palco, depois de amargar anos de ostracismo, com a prisão pela Lava-Jato. Recuperou os direitos políticos e é candidato a deputado federal. Ele afirma que o PT e seus aliados serão capazes de sustentar o governo Lula, "fazer essa disputa política e vencer em 2026" sem alianças à direita. A campanha de 2026 será, mais que nunca, o retrato da polarização dos últimos anos.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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