A pena contra Daniel Silveira inclui a cassação de seu mandato, pagamento de multa e oito anos de prisão em regime fechado. [fotografo] Agência Câmara[/fotografo]
A indicação de que o blogueiro bolsonarista
Oswaldo Eustáquio seria o candidato do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) ao Senado pelo estado do Paraná nas eleições de 2022 pode ser apenas um dos nomes que a legenda busca angariar para os cargos. O deputado
Daniel Silveira (PSL-RJ) e o ex-senador
Magno Malta estariam entre os cotados para concorrer pela legenda no ano que vem.
Daniel Silveira, réu no Supremo Tribunal Federal (
STF) por incitar violência física contra ministros da própria corte, segue em prisão domiciliar, condicionado ao uso de tornozeleira eletrônica. O discurso carbonário de Silveira contra a suprema corte se alinha com o do presidente nacional da legenda, o ex-deputado Roberto Jefferson.
No final de fevereiro, Jefferson chegou a anunciar
a filiação do deputado fluminense ao partido - ato que nunca foi melhor explicado, já que Silveira hoje permanece no PSL e poderia perder o cargo caso mudasse de partido.
Magno Malta, que um dia já foi cotado a vice-presidente de Jair Bolsonaro em seu primeiro mandato, hoje tem pouca participação política e ainda se mantém filiado ao Partido Liberal (PL).
O
Congresso em Foco buscou as assessorias de
Magno Malta e do deputado Daniel Silveira, assim como a assessoria de Oswaldo Eustáquio. Destas, apenas a última confirmou que o paranaense aceitou o convite do presidente da legenda, Roberto Jefferson, para a candidatura.
Ao menos entre Eustáquio e Silveira, haveria uma pauta comum caso eleitos: "julgar quem os julgou", nas palavras de uma fonte ouvida pela reportagem. O único objetivo seria o de pautar e promover os impeachments de ministros do STF.
O plano do partido também incluiria trazer outro ícone da extrema-direita - o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub -
para concorrer ao governo de Santa Catarina.
Sem conexão com o getulismo
Desde 2016 sob o comando de Roberto Jefferson - e desde 2014 sob o comando de sua família, já que ele sucedeu sua filha, a ex-deputada
Cristiane Brasil, na presidência - o
Partido Trabalhista Brasileiro mantém pouco da mesma legenda um dia fundado por Getúlio Vargas em 1945 e fruto da extinção em massa de partidos políticos, causada pelo
Ato Institucional nº 2 (AI-2), em 1965.
O partido retornou à cena política em 1981, graças aos esforços de Ivete Vargas, sobrinha-neta do ex-presidente. O primeiro cargo de expressão ocupado pelo partido foi a prefeitura de São Paulo, quatro anos depois, com o ex-presidente Jânio Quadros. A antiga legenda varguista, mais próxima à esquerda e conhecida pela bandeira preta, branca e vermelha, hoje é um mapa do Brasil estilizado, com tons de verde e amarelo em degradê. Além disso, possui um presidente de extrema-direita, que abertamente prega a morte de opositores e a destituição de poderes democráticos.
O partido, neste ano, acabou se alinhando mais ao discurso do presidente
Jair Bolsonaro - um exemplo é a ação do partido no Supremo Tribunal Federal (STF). Em abril, o partido acionou a suprema corte contra decretos estaduais que restringiam a circulação de pessoas por conta da pandemia, ecoando o discurso do presidente contra medidas severas no combate à covid-19.
Foi o partido que também acionou a corte contra a possibilidade de reeleição de presidentes da Câmara e do Senado, o que iria contra os planos de
Rodrigo Maia (DEM-RJ) e
Davi Alcolumbre (DEM-AP).
O placar de sete votos a quatro marcou uma reviravolta no entendimento da corte, e abriu o caminho para que
Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, engatasse uma vitoriosa campanha à Presidência da Câmara.
Em fevereiro, o partido foi à Organização dos Estados Americanos (OEA), para expor o que chamou de "as graves violações perpetradas pelo Supremo Tribunal Federal da República Federativa do Brasil aos direitos fundamentais e humanos assegurados às pessoas, tanto pela ordem internacional como pelo direito interno brasileiro". A denúncia visava a ação da corte contra o deputado Daniel Silveira, que ainda não havia se inclinado ao PTB.
> PTB de Roberto Jefferson vai lançar blogueiro bolsonarista ao Senado no PR
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