Completados 100 dias do governo Lula, órgãos de fiscalização ambiental voltaram a funcionar, mas enfrentando antigos desafios. Foto: Daniel Belta / Greenpeace
A
Amazônia brasileira registrou, nos 11 primeiros dias de outubro 2020, mais focos de incêndio que em todo o mês de outubro de 2019. Os dados, colhidos pelo Monitoramento dos Focos Ativos por Bioma do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (
INPE), apontam que 8.662 focos de incêndio foram registrados na floresta amazônica em outubro, contra 7.855 registrados em 2019.
84.692 focos de incêndio florestais foram registrados na Amazônia neste ano - mais do que os computados em todos os anos de 2018 (68.345), 2014 (82.554), 2013 (58.688) e 2011 (58.186). Na comparação entre outros meses na floresta tropical, os meses de junho, julho e setembro também tiveram alta no número de focos de incêndio na floresta.
No
cerrado, predominante na região central do país, o cenário é semelhante ao da Amazônia: até ontem, foram registrados 9.884 sinais de fogo, contra 8.356 nos 31 dias do mês de outubro de 2019. O instituto registrou que os meses de fevereiro, abril e julho também registraram um número acima de queimadas no sistema. Os 55.891 pontos registrados no cerrado desde o início do ano já são mais que os 39.449 registrados em todo o ano de 2018, e devem ultrapassar os 63.874 registrados no passado.
Outro bioma castigado por queimadas recentes, o
Pantanal mato-grossense teve, nos primeiros 11 dias do mês, 2.040 focos de incêndio - número que deve, até o fim do mês, superar os 2.430 focos registrados em outubro de 2019. Desde março, o bioma queima a taxas mais altas que o registrado em 2019: em setembro, o INPE registrou 8.106 focos de incêndios, um número 180,7% maior que os 2.887 pontos registrados no mesmo mês do ano passado.
O INPE catalogou, por meio de seus satélites, que 185.760 focos de incêndio foram registrados no país desde o início do ano, um aumento de 23% que o acumulado de 2019 até esta data. O instituto, ligado ao
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, detectou um aumento dos número de focos desde 2019, após uma queda de 34% registrada em 2018, último ano do governo Temer.
Outros países da América do Sul queimam em taxas nunca antes vistas: Venezuela (29% mais focos que em 2019), Colômbia (35%), Guiana Francesa (59%), Uruguai (67%) e Paraguai (79%) registraram altas no número de focos registrados. Na Argentina, o aumento chega a 163%. Apesar disso, o Brasil registrou, sozinho, quase metade dos incêndios entre todos os países do continente.
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