Jorge Oliveira, durante sua posse no TCU em dezembro de 2020 [fotografo]TCU via Flickr[/fotografo]
O ministro Jorge Oliveira, do Tribunal de Contas da União (
TCU), pediu vistas de 60 dias - o máximo permitido - de um relatório onde a área técnica do tribunal apontava que o voto eletrônico é seguro e auditável. O caso,
revelado pelo Congresso em Foco com exclusividade, está suspenso para vista após pedido do único ministro indicado por
Jair Bolsonaro ao tribunal, que já disse não "fingir que é amigo do presidente."
Foi o próprio TSE quem pediu a abertura do inquérito policial, que apura a responsabilidade por dois acessos indevidos ocorridos no sistema de votação, o primeiro em abril de 2018 e o outro em novembro do mesmo ano.
Durante o julgamento, realizado na quarta-feira (11), o relator do caso e vice-presidente do tribunal,
Bruno Dantas, fez uma defesa do atual modelo de votação brasileiro. "O atual sistema de votação eletrônica é plenamente auditável, aderente ao arranjo normativo instituído - embora, naturalmente, comporte melhorias em termos de comunicação para evitar a desinformação e aumentar a compreensão dos eleitores sobre o processo", argumentou.
Ao falar da possibilidade de voto impresso, o ministro disse que a medida é muito cara e, por introduzir a ação humana no processo, torna a apuração suscetível a erros e manipulações fraudulentas. O tribunal buscou investigar se "a atual sistemática de votação eletrônica, operacionalizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (
TSE), é suficiente para garantir a auditabilidade dos votos/votação, na forma definida na Lei 9.504/1997". A resposta, segundo Bruno Dantas, é positiva.
Dantas concluiu seu voto dizendo ser importante que o Brasil zele por suas conquistas democráticas "lembrando a sociedade de suas virtudes e das práticas de um período obscuro que elas suplantaram, evitando assim que o cidadão seja vítima das armadilhas de um saudosismo míope e desorientado". O voto de Dantas conclui com o envio de recomendações ao TSE para ampliar o conhecimento da população sobre a urna eletrônica.
Veja o parecer da área técnica do TCU:
O ministro
Jorge Oliveira foi o primeiro a falar. Em seu discurso, Oliveira disse que o julgamento da
PEC do Voto Impresso na Câmara dos Deputados tem influência no que a corte de contas irá julgar. Oliveira argumentou que a tese de que é necessário o voto impresso no sistema eleitoral brasileiro "foi vencedora", por ter tido 229 votos favoráveis contra 218 contrários - a proposta foi então barrada, já que eram necessários 308 votos para sua aprovação.
"Não posso tratar com desrespeito a tese que tendia a defender o voto auditável nos termos que tratava a PEC", argumentou o ministro. "Com muito respeito aos 229 parlamentares da Câmara dos Deputados que votaram nesta tese, entendo que houve por parte da nossa instituição, uma falha", disse, referindo-se ao fato de que partes do processo - que eram secretos - fossem publicados pelo
Congresso em Foco.
O pedido de vistas foi para que o ministro pudesse acompanhar com mais atenção alguns detalhes do caso. Questionado, o TCU indicou que o prazo de vista pode variar entre sete e 60 dias, a julgar pela complexidade do tema. Oliveira pediu o maior prazo possível, sem a necessidade de justificativa. O caso não pode ter sua vista estendida, fazendo que o caso volte a julgamento no mês de outubro.
> PF prende Roberto Jefferson por atuação em milícias digitais
> Câmara pagou viagem de lua de mel de Bolsonaro
Se você chegou até aqui, uma pergunta: qual o único veículo brasileiro voltado exclusivamente para cobertura do Parlamento? Isso mesmo, é o Congresso em Foco. Estamos há 17 anos em Brasília de olho no centro do poder. Nosso jornalismo é único, comprometido e independente. Porque o Congresso em Foco é sempre o primeiro a saber. Precisamos muito do seu apoio para continuarmos firmes nessa missão, entregando a você e a todos um jornalismo de qualidade, comprometido com a sociedade e gratuito.
Mantenha o Congresso em Foco na frente.