Renovar em sentido amplo: desafio ao fortalecimento da democracia

Quando a parte do mundo imersa em regimes democráticos se viu envolvida em uma crise aguda de representatividade, a partir de manifestações no início da década passada em diferentes nações, o desafio esteve associado a alternativas que pudessem ressignificar a política na vida de parte das pessoas. Ao sentimento inicial de negação, uma das principais respostas esteve associada à renovação, principalmente, dos políticos. Mas o que renovar entregou à democracia nos últimos anos?

A história do RenovaBR, enquanto organização do terceiro setor, contribui com este debate na realidade brasileira. A descrença na capacidade de representação democrática fez surgir diversos movimentos que buscaram atrair para a política candidaturas que se apresentavam como novidades. O pleito municipal de 2016 foi simbólico, e inicialmente trouxe como novidade a narrativa central do gestor privado como agente de soluções ao universo público.

Dois anos depois, as eleições estaduais e nacionais reforçaram tal sentimento, com destaque para discursos diversificados em torno de perfis e soluções. O RenovaBR nasceu em 2017 como organização suprapartidária com o intuito de elevar a possibilidade de agentes afeitos a princípios democráticos se elegerem a partir de capacitações que lhes oferecessem conteúdos estratégicos para o sucesso nas urnas. O que ficou disso?

Dificuldades das mais diversas foram encontradas, mas conhecimento formal, resiliência, espírito público e liderança serviram de respostas relevantes, e depois de quatro processos eleitorais, o RenovaBR colheu dois elementos cruciais: sucesso nas urnas, simbolizado principalmente pela eleição de quase 300 vereadores e aproximadamente 70 prefeitos e vices em 23 estados em 2024, sendo reeleitos todos os 13 prefeitos de 2020; e maturidade para ressignificar o sentido de renovação.

A instituição que estimula pessoas a olharem de forma ativa e estratégica para a política, se consolidou como escola concentrada em valores fundamentais. Para além das diferenças ideológicas que encontram absoluto respeito em suas frentes, notou-se que renovar transcende a ideia de abrir espaço para novas pessoas. Formar, fomentar valores democráticos, permitir o convívio na diversidade, fomentar o ideal de comunidade e de rede em torno de debates e temáticas estratégicas para o país deram sentido de continuidade ao projeto de renovação.

A democracia carrega consigo um repensar contínuo e desafiador. Assim, a exemplo de 2024, o processo seletivo do RenovaBR para o pleito de 2026 permitirá a participação de políticos eleitos.

Para além desta novidade, a formação inicial de novos líderes da organização terá início em agosto de 2025, contribuindo com a gestão do tempo das estratégias de pré-campanha no ano eleitoral e reforçando um ponto essencial: carreiras políticas sólidas são planejadas em prazos mais amplos.

Assim, no dia 14 de abril de 2025, o RenovaBR lançará seu processo seletivo para aqueles que pretendem oferecer seus nomes à sociedade em 2026. Aqui, mais uma novidade: os novos alunos cursarão um programa diferente daquele oferecido aos eleitos, e para toda a rede de candidatos, incluindo os líderes formados em outros anos, será oferecido um programa condensado, com atividades diferenciadas daquelas vistas em suas formações iniciais, e foco absoluto nas eleições.

Todas estas novidades são sinais de amadurecimentos institucionais e experiências vividas em uma rede composta por mais de três mil formados em oito anos. E aqui, para além de toda a preparação para os desafios eleitorais, ganha destaque uma significativa gama de ações educacionais que trafegam na direção do que se chama de formação continuada.

Para os prefeitos eleitos em 2024, por exemplo, um curso anterior às eleições ajudou na formulação de planos de governo, uma atividade posterior voltada aos eleitos contribuiu para inspirar a implementação de tais programas, e uma ação, já em 2025, tratou de abordar os desafios dos primeiros 100 dias no poder.

Tantas conquistas findaram se espraiando para o continente, marcado por históricos desafios ao amadurecimento democrático. O RenovaBR inspirou a criação de uma rede de escolas desse tipo na América Latina, com ações concretas na Argentina, no Chile, Uruguai, Peru, Colômbia e Costa Rica. Todas, inclusive, estarão juntas em uma formação sob a curadoria da Organização dos Estados Americanos - OEA ao final do primeiro semestre de 2025. As iniciativas buscam fortalecer a democracia, consolidando redes e debates sólidos em torno do sentido maior de RENOVAR.