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MULHERES
20/3/2025 15:34
No mês em que se comemora mais um dia internacional da mulher é relevante destacar alguns temas relevantes em relação à desigualdade de gênero, bem como políticas públicas destinadas a superar essa realidade.
Não é novidade que as raízes culturais da maioria dos países do Ocidente foram construídas a partir de uma hierarquização social em razão do sexo, com predominância social do homem . O patriarcado foi o principal obstáculo à inclusão da mulher na sociedade e no mercado de trabalho , determinando uma posição social secundária e submissa, diante de uma construção machista.
No Brasil a mulher ganha 79,5% do rendimento médio recebido pelo homem. As principais participações delas são: trabalhos com serviços domésticos em geral (95,0%); professoras do ensino fundamental (84,0%); trabalhos de limpeza de interior de edifícios, escritórios, hotéis e outros estabelecimentos (74,9%) e trabalhos em centrais de atendimento (72,2%). Já a participação como diretoras e gerentes as mulheres ocupam 41,8% .
O conceito de gênero, e sua luta pelo combate à desigualdade, passou a ser melhor teorizado ante a intervenção do movimento feminista, após a Segunda Guerra Mundial , o que convencionou-se chamar como primeira onda do feminismo, período em que se buscava ultrapassar as barreiras legais à igualdade de gênero, entre elas o direito ao voto. A segunda onda do feminismo, iniciada a partir da década de 1960 até os anos 1980, qualificou melhor o debate , introduzindo temas como sexualidade, família, mercado de trabalho e direitos reprodutivos. Nesse pormenor, como relatado por Morgado e Tonelli , a partir da década de 1970 passou a haver um aumento significativo de estudos sobre as mulheres nas organizações.
A luta feminista desencadeou muitas mudanças na vida das mulheres , entre elas o aumento da escolaridade e qualificação, o que permitiu a diversificação das suas atividades, além do acesso e permanência no mercado de trabalho .
Reduzir o impacto da desigualdade de gênero na sociedade, por meio de ações sociais e políticas públicas, tem sido objeto de pesquisas realizadas no Brasil, destacando-se Farah e Bandeira , assim como o trabalho realizado pela Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres (SNPM), a qual objetiva, por meio de políticas transversais, transformar essa relação de desigualdade entre homens e mulheres, estimulando a intervenção dos três níveis federativos para o sucesso dos propósitos .
A busca pela melhoria dos serviços públicos deve ser pensada dentro do contexto de política inclusiva, em que o combate à desigualdade de gênero é um dos pressupostos. A utilização de instrumentos da gestão privada no setor público, New Public Management , deve absorver essa perspectiva inclusiva.
Buscando acolher a teoria da burocracia de Smith , a igualdade de gênero, atende à necessidade de haver no serviço público uma representatividade similar à existente na sociedade, além da preocupação da política beneficiar todos os grupos existentes, inclusive a mulher.
Acresce-se que a diversidade de gênero, entendida como a heterogeneidade dentro de um determinado grupo de indivíduos, tendo como base o sexo, e como esse fator pode ser benéfico, foi objeto de abordagem por diversos autores .
Soma-se ao exposto o fato de que essa diversidade de gênero impacta positivamente no fomento da inovação . Inclusive, estudos correlacionando a diversidade de gênero e o rendimento empresarial demonstram que a paridade entre homens e mulheres dentro das empresas colaboram para a maximização dos resultados .
Acker constata que as mulheres ainda não possuem a mesma representatividade que os homens nas posições de liderança, seja na iniciativa privada quanto na pública, identificando esse fenômeno como teto de vidro, pois embora existam iniciativas para tentar alcançar a igualdade, havendo uma ascensão interna, a mesma ainda não foi atingida no topo das organizações, tornando mais difícil a vida profissional das mulheres, evidenciando uma desigualdade hierárquica. No Brasil apenas 4,5% dos cargos de alta direção das empresas ocupados por mulheres, enquanto a média dos países emergentes é de 7,2% .
Não obstante esse quadro, estudos realizados por Eagly, Johannesen-Schmidt e Engen , somado aos fundamentos de Eagly , comprovam que as mulheres possuem habilidades de liderança tão boas quanto os homens, não justificando o baixo índice de ocupação nos cargos de direção.
A dupla jornada, no trabalho e em casa, continua sendo um dos desafios na plena integração da mulher no mercado de trabalho, provocando diversas crises conjugais e barreiras no enfrentamento da desigualdade existente .
Por outra perspectiva, o exercício de atividades na administração pública, em comparação com a iniciativa privada, é visto como menos estressante e mais aberto à compatibilização da vida pessoal e profissional , razão pela qual Calas e Smircich citam esses fatores como determinantes para mulheres prestarem concurso, com finalidade de ingresso no setor público.
Uma política de incentivo, promovida pelas organizações, para que as mulheres se adaptem melhor aos desafios da jornada familiar e profissional, e convencimento dos homens desses valores igualitários são apontados por Grossi, Schendeilwein e Massa como iniciativas interessantes para o rompimento dessas barreiras. A título sugestivo, a instalação de creches no ambiente de trabalho já ajudaria bastante a mulher nessa luta, uma vez que facilitaria o cuidado com os filhos menores, cuja fase de desenvolvimento exige maiores cuidados e tempo disponível.
Nesse pormenor, a gestão capitaneada pelo ministro Jorge Messias na Advocacia-Geral da União (AGU) tem colocado esse tema como um dos eixos de sua gestão, criando uma Assessoria Especial de Diversidade e Inclusão , inclusive um Comitê de Diversidade e Inclusão para propor e fiscalizar políticas públicas ligadas a projetos que promovam a igualdade de gênero, de etnia e de cor. Da mesma forma, diversos eventos e capacitações são promovidas em conjunto com a Escola Superior da AGU, com o objetivo de difundir e debater a matéria.
Nesta quinta-feira (20) a AGU celebra o Dia Internacional da Mulher com um evento enfrentando esses temas, contando ainda com uma palestra especial da Dra. Fayda Belo, que abordará o tema Igualdade de Gênero para um Mundo mais Justo, que contacom transmissão ao vivo no Youtube da Escola Superior da AGU.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected]