Manifestantes subiram na Estátua da Justiça, em frente ao STF. Foto: Marcelo Camargo/ABr
Brasília amanheceu cinzenta nesta segunda-feira (9), um dia após
bolsonaristas golpistas invadirem e depredarem os palácios do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. O acampamento montado em frente ao quartel-general (QG) do Exército está sendo desmontado por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Mais de mil bolsonaristas que estavam acampados são conduzidas em ônibus para a Superintendência da Polícia Federal para uma espécie de triagem.
O Congresso ficará fechado. Apenas servidores autorizados poderão entrar no prédio, que teve móveis, vidraças, peças decorativas e históricas destruídas. O presidente Lula se reúne nesta manhã com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, para discutir providências que poderão ser tomadas para identificar e responsabilizar os criminosos que atentaram contra a democracia. Também participarão da conversa os ministros Luis Roberto Barroso e Dias Toffoli e o presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL). Em seguida, Lula se reunirá com o ministro da Defesa, José Múcio.
Às 15h, o presidente deverá conversar por telefone com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e às 16h30 com o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Está prevista para as 18h a reunião de Lula com governadores, que deverão demonstrar discurso unificado em defesa da democracia e contra atos golpistas.
Assim como
Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado,
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que estava de férias na França, deve desembarcar em Brasília nesta segunda-feira para discutir a votação da intervenção federal na área da segurança pública no Distrito Federal, determinada por Lula nesse domingo, após a omissão e a conivência de policiais militares durante os atos golpistas. Uma reunião com líderes partidários deverá ser conduzida na residência oficial da Presidência do Senado pelo vice-presidente do Senado,
Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).
Por causa dos ataques de ontem, as posses das ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, foram adiadas. As duas ministras são as únicas do novo governo do presidente
Lula (PT) que ainda não foram empossadas.
A posse de Anielle estava marcada para as 16h desta segunda-feira (9), no Palácio do Planalto. Com a
destruição do palácio e as questões de segurança com
golpistas ainda circulando por Brasília, a cerimônia foi cancelada e uma nova data ainda não foi divulgada.
"Todos aqueles que estão vandalizando e invadindo o Congresso, o STF e o Planalto, assim como seus financiadores, precisam ser responsabilizados com celeridade", afirmou a ministra nesse domingo. "São inadmissíveis práticas de terrorismo que estamos presenciando em Brasília. As forças de segurança precisam ser utilizadas para defender o Estado Democrático de Direitos", reforçou.
Anielle publicou um comparativo do Palácio do Planalto antes e depois dos atos extremistas. "Nos últimos dias, o Min. da Igualdade Racial e o Min. dos Povos Originários estavam organizando esse mesmo lugar para uma ocupação política histórica. Na véspera, esse local é invadido e depredado por terroristas por uma tentativa de golpe", destacou a ministra.
A posse de Sonia Guajajara seria realizada nesta terça-feira (9), também no Palácio do Planalto. No Twitter, a ministra informou o adiamento "dado o crítico cenário de violência em Brasília, provocado por grupos antidemocráticos". "Seguimos calmos, atentos e vigilantes para a garantia de nossos direitos e do Estado Democrático", destacou o comunicado publicado por Sonia.
Terror em Brasília
Desde sábado (7) os manifestantes vinham chegando, em ônibus provenientes de diversos estados, ao quartel-general do Exército, onde desde o início de novembro bolsonaristas estão acampados para defender um golpe militar, a pretexto de combater a corrupção e o comunismo. Os extremistas se deslocaram em direção à Esplanada dos Ministérios por volta de 14h40, protegidos pela Polícia Militar, que interrompeu o trânsito de duas faixas do Eixo Monumental -uma das principais vias de Brasília - para lhes garantir segurança.
Nas redes sociais, os apoiadores já se organizavam desde o início da semana e prometiam atos para o fim de semana. A segurança na área central de Brasília foi reforçada, mas não foi o suficiente para segurar os extremistas.
O governador do Distrito Federal,
Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado do cargo por 90 dias, na madrugada desta segunda-feira (9), pelo ministro
Alexandre de Moraes,. O ato decorreu do absoluto fracasso demonstrado pelo governo local, responsável pela Polícia Militar do Distrito Federal (
PMDF), para impedir a entrada na Esplanada de manifestantes golpistas.
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