Segundo Ricardo Barros, a janela partidária compromete a indicação de nomes para o grupo de trabalho que fará o texto do projeto. [fotografo] Cleia Viana/Câmara dos Deputados [/fotografo]
Na manhã desta quinta-feira (20), o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na
Câmara, manifestou-se em favor da manutenção do reajuste salarial dos
policiais federais e demais agentes de segurança. A entrevista que o parlamentar deu ao jornal 'O Estado de S. Paulo', indica uma mudança de opinião - já que Barros, até então em favor de não haver reajustes, indica ter revisto sua decisão após encontro do parlamentar com representantes sindicais da categoria.
O encontro foi confirmado ao
Congresso em Foco pela assessoria de comunicação do deputado, que afirmou ter se dado na última terça-feira (18), mesmo dia em que diversas carreiras organizaram uma
manifestação contra a falta de reajustes ao funcionalismo público.
Na mesma data, após o encontro, Barros se encontrou com o presidente
Jair Bolsonaro. Este, por sua vez, manifestou sua preferência pelo aumento salarial de policiais na última quarta (19). Ambos sustentam o mesmo argumento: de que falta verba no
Orçamento para garantir o reajuste a todas as categorias, surgindo a necessidade de selecionar quais poderiam receber.
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Apesar de Bolsonaro não ter manifestado o motivo da preferência, Barros afirmou que houve uma procura ativa dos sindicatos de policiais federais, penais e rodoviários pelo reajuste, e que as demais categorias não se mobilizaram da mesma forma. "Se esforçaram para conseguir, e os outros que trabalhem no futuro as suas categorias", declarou.
Sindicatos se enfurecem
A posição defendida por Bolsonaro e posteriormente manifestada por Barros não foi bem vista nos sindicatos do serviço público federal, em especial no Sindicato Nacional dos Funcionários do
Banco Central (Sinal). "É um absurdo voltar a falar só em reajuste para os policiais. Não tem esse negócio de 'vamos salvar os policiais se não todo mundo se vira junto'. O que deve ser feito é preparar o Orçamento e trabalhar para que o reajuste vá para todas as categorias", declarou seu presidente Fábio Faiad.
A solução levantada por Bolsonaro é a de deixar o reajuste das demais carreiras para o Orçamento de 2023. Para Rudinei Marques, presidente do
Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), trata-se de "mais uma das mentiras do presidente". O líder sindical destaca que há vedação na lei para que um reajuste seja aplicado no mandato do presidente seguinte. "Para os policiais será efetivo, e para os demais uma promessa impossível de cumprir", acrescentou.
Bolsonaro tem até a sexta-feira (21) para decidir pela sanção ou veto do Orçamento, que prevê apenas R$1,7 bilhões para o reajuste dos servidores públicos federais. Algumas categorias, como dos analistas da Receita Federal, estão com salários congelados desde 2017. Os sindicatos vinculados ao Fonacate, que totaliza mais de um milhão de servidores, deram ao governo o prazo de 14 de janeiro para oferecer uma proposta concreta de reajuste antes de organizar uma greve geral.
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