O país do mensalão, do índice de crescimento econômico superior apenas ao Haiti e de ostensiva concentração de renda, está fazendo novos bilionários. A mais nova edição da lista dos mais ricos do planeta, elaborada anualmente pela revista americana Forbes, aponta 16 brasileiros no clube do bilhão. No rol de magnatas, oito são estreantes.
A valorização do real e a euforia dos investimentos na Bolsa de Valores foram os mecanismos que ajudaram alguns brasileiros ricos a juntarem o seu primeiro bilhão de dólares. Os novatos na lista da Forbes são quase todos donos de empresas que abriram o capital recentemente e começaram a vender ações na Bolsa, informa a revista Veja.
É o caso da família Constantino, que controla a Gol Linhas Aéreas. O valor dos papéis da Gol triplicou desde junho de 2004. Os quatro irmãos, Constantino de Oliveira Júnior, Ricardo Constantino, Joaquim Constantino Neto e Henrique Constantino, possuem, cada um, fortuna estimada em US$ 1,1 bilhão.
Outra novidade foi a inclusão dos acionistas da Natura, Guilherme Peirão Leal e Antonio Luiz Seabra, cada qual com US$ 1,4 bilhão. A Natura teve a mesma trajetória da Gol no mercado acionário. Lançou papéis de sua companhia e os preços dispararam.
Com US$ 1,3 bilhão, Elie Horn, da construtora Cyrela, também viu sua fortuna multiplicar depois que os papéis de sua empresa começaram a ser negociados na bolsa. Completa o grupo de brasileiros novatos no ranking Dorothéa Steinbruch, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), cujos negócios foram favorecidos pelo elevado preço do aço no mercado internacional e doméstico.
Continuam no topo da lista dos brasileiros os irmãos Joseph e Moise Safra, donos do Banco Safra e de uma fortuna de US$ 7,4 bilhões. Os brasileiros, de maneira geral, foram favorecidos pela queda do dólar, ou seja, pela valorização do real na comparação com a moeda americana, o que valorizou seu patrimônio.
Com a inflação da lista, o Brasil ultrapassou o México como o país latino-americano com o maior número de bilionários. Segundo a Forbes, ao todo, são 793 os ricaços espalhados pelo mundo com saldo bancário acima de US$ 1 bilhão. Juntos, eles acumulam uma fortuna de US$ 2,6 trilhões. O equivalente ao triplo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que mede a soma das riquezas produzidas no país anualmente.
O mexicano Carlos Slim, terceiro mais rico do planeta, é o dono a maior fortuna da América Latina, US$ 30 bilhões. O império de Slim tem braços em vários ramos, sobretudo no de telecomunicações - no Brasil, detém o controle da Embratel e da Claro. O topo da lista permanece há 12 anos com Bill Gates, da Microsoft.
Há apenas 78 mulheres na lista, dez a mais que no ano passado. Uma das estreantes é a escritora J.K. Rowling, autora do mega sucesso editorial Harry Potter, que antes de se tornar autora da saga do bruxinho, era dona de casa e secretária. Agora, tem US$ 1 bilhão, e é a primeira pessoa a se tornar bilionária escrevendo livros.