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Congresso em Foco
31/08/2023 | Atualizado às 15h35
Do parque para os gabinetesO parque de vaquejada também marcou o início da relação entre Lira e um de seus assessores mais próximos, Djair Marcelino da Silva. Ele foi contratado por Lira, então um político de dimensão local, para ajudar a organizar os eventos. A parceria evoluiu. Djair virou chefe de gabinete do então deputado estadual. Em 2007, a Operação Taturana, comandada pela Polícia Federal, levantou indícios de que Lira liderava um esquema de "rachadinhas" com assessores fantasmas, de acordo com denúncia feita pelo Ministério Público Federal. O então chefe de gabinete foi acusado de ser operador dos desvios. As investigações da Taturana renderam condenações por improbidade contra Lira em duas instâncias, em 2012 e 2016, na esfera cível. As decisões, no entanto, foram anuladas em abril deste ano pelo ministro Humberto Martins, no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O deputado, assim como o assessor, foi absolvido na esfera criminal após a operação ser anulada. O Ministério Público Federal recorre da decisão. Djair está lotado no gabinete de Arthur Lira desde sua chegada a Brasília, em 2011. O salário bruto dele, segundo a Câmara dos Deputados, é de R$ 7.960,08. Procurado pela reportagem, ele não retornou o contato.
SociedadePrimogênito de Arthur Lira e Jullyene Lins, Arthur Filho caminha ao lado do pai nas vaquejadas, na paixão declarada pelos cavalos e em outras parcerias. O jovem de 23 anos é sócio da empresa de publicidade Omnia 360 Comunicação e Mídia, junto com Maria Luiza Cavalcante, de 25, filha de Luciano Cavalcante, auxiliar direto de Lira suspeito de participar de um esquema de desvio de cerca de R$ 8 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), no caso dos kits de robótica. A sociedade entre Arthur Filho e Maria Luiza foi revelada pelo Congresso em Foco em julho de 2021. A agência faz a intermediação de contratos de publicidade firmados com o governo federal, como a Secretaria de Comunicação da Presidência, os ministérios da Saúde e da Educação, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Quando criaram a empresa, a jovem era recém-formada em Direito e o filho do deputado estava estagiando em um restaurante em Brasília. Procurado pela reportagem, Arthur Filho não retornou o contato. Pai de Maria Luiza, Luciano Cavalcante é um dos homens de confiança de Lira. Segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, o esquema desviou recursos destinados à compra de kits de robótica para a rede escolar em 43 municípios de Alagoas. Durante as apurações da Operação Hefesto, a Polícia Federal localizou anotações de repasses de R$ 265 mil atrelados ao nome "Arthur" em meio aos pertences do motorista Wanderson de Jesus, funcionário de Cavalcante. O deputado negou, na ocasião, ser o destinatário do recurso. Amigo do presidente da Câmara, Cavalcante foi afastado da liderança do PP na Casa assim que foi deflagrada a operação. Curiosamente, presidia o diretório estadual do União Brasil, controlado por Lira em Alagoas. No ano passado, o deputado tirou o senador Rodrigo Cunha do PSDB e o trouxe para o União Brasil para concorrer, sem sucesso, ao governo de Alagoas. Procurado pela reportagem, Cavalcante não retornou o contato. No início do mês, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido da defesa de Lira, endossado pela Procuradoria-Geral da República, e anulou as provas da Operação Hefesto. O ministro considerou que a investigação, ao atingir Lira, que tem foro privilegiado no STF, não poderia ter sido autorizada pela Justiça Federal de Alagoas. Gilmar entendeu que houve usurpação da competência do Supremo no caso. Com base nesse argumento, a defesa deve pedir o arquivamento das investigações. Abaixo, a nota que Arthur Lira enviou por meio de sua assessoria e a resposta do Congresso em Foco: "Todo o patrimônio do deputado Arthur Lira encontra-se devidamente declarado à Receita Federal e à Justiça eleitoral, fruto do sucesso na gestão de sua atividade agropecuária. No mais, alguns questionamentos se mostram improcedentes, requentados, vazados de ações em segredo de justiça, e já foram analisados pela Justiça competente, que deu ganho de causa ao deputado, inclusive determinando não mais sua veiculação em qualquer meio, por se tratar de assunto analisado e comprovadamente inverídico. Além disso, a exposição de tais fatos só atentam contra a honra do deputado e ferem a decisão já proferida no Judiciário. Assim, esperamos que mais essa decisão da Justiça seja cumprida. Assessoria de Imprensa" Nota da Redação - Esclarecemos que: (1) A documentação obtida pela reportagem demonstra que Lira declarou à Justiça eleitoral apenas uma das quatro fazendas citadas. Mesmo assim, em 2014. Ou seja, cerca de uma década após sua aquisição. (2) Até 2022, data em que entregou pela última vez uma declaração de bens à Justiça eleitoral, o deputado não tinha informado a propriedade das outras três fazendas. (3) Teremos prazer em publicar os devidos documentos comprobatórios caso o parlamentar tenha regularizado tal situação posteriormente. (4) Não há na matéria, ou nas práticas profissionais deste veículo, qualquer intenção de atentar contra a honra do presidente da Câmara ou de quem quer que seja. Tentamos apenas fazer jornalismo independente e de qualidade. (5) Ignoramos qualquer ordem de censura prévia relacionada com os temas tratados na reportagem. O que nos chegou ao conhecimento foi uma ordem judicial de remoção de conteúdo, cumprida tão logo dela tomamos conhecimento. (6) O Congresso em Foco renova, de público, o pedido de entrevista com Arthur Lira para aprofundar a apuração do assunto e prestar informações absolutamente corretas e precisas, como nos empenhamos a fazer há quase 20 anos. Edição: Edson Sardinha e Carlos Lins Artes: Thiago Freitas
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