[caption id="attachment_38003" align="alignleft" width="319" caption="Demóstenes justificou sua saída da liderança como necessidade de defender sua honra, atacada pelas acusações de envolvimento com Cachoeira - J. Cruz/ABr"]

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O agora ex-líder do DEM no Senado Demóstenes Torres (GO) encaminhou hoje (terça, 27) ofício ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), dizendo que tem sofrido "ataques à honra" nos últimos dias - razão pela qual, segundo a carta (leia íntegra abaixo), deixou a
liderança nas mãos do presidente nacional do partido, José Agripino (RN). A queixa de Demóstenes se deve à série de notícias publicadas, por parte de diversos veículos, sobre seu envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro no âmbito da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Jogo do bicho, máquinas caça-níqueis e bingos estão entre as atividades clandestinas descobertas nas investigações.
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Segundo as investigações da Polícia Federal, Cachoeira é o operador de um esquema criminoso de exploração de jogos de azar em Goiás e na periferia de Brasília. Amigo do bicheiro, como o próprio senador admitiu em discurso em plenário apoiado por 44 dos 81 senadores, Demóstenes teria embolsado cerca de R$ 50 milhões por meio do esquema nos últimos anos, como mostra uma das reportagens sobre o assunto, feita com base em relatórios da PF.
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Diante da avalanche de notícias negativas, Demóstenes corre o risco de responder a processo por quebra de decoro no Senado, bem como a inquérito recomendado pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF). Randolfe e outros congressistas membros da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção se reuniram hoje (terça, 27) com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que analisa processo sobre o caso desde 2009.
"Confesso que entrei na PGR cético e saí de lá satisfeito com o que nós ouvimos. Eu acho que nesse momento, a melhor medida a ser tomada pelo senador é apresentar a sua defesa aqui no âmbito do plenário e renunciar ao mandato. [Demóstenes] não tem mais condição e nem sustentação para continuar", disse ao
Congresso em Foco o senador, um dos parlamentares que pediram a abertura de inquérito no STF.
Segundo Demóstenes, tudo não passa de "fatos e versões", como registra a carta-ofício, que o levaram a tomar a decisão de se afastar da liderança, com o intuito de poder "responder a qualquer questionamento" que seja suscitado pelos colegas de Senado.
Confira a íntegra da carta:
"Ofício Int. nº 033/GSDT
À Sua Excelência o Senhor
Senador José SarneyPresidente do Senado Federal
Nesta
Senhor presidente,
Como Vossa Excelência tem acompanhado, sofro nas últimas semanas toda sorte de ataques à minha honra, sem que sejam observadas as garantias constitucionais previstas em qualquer Estado Democrático de Direito.
Meu desejo é ocupar a Tribuna do Senado tão logo tenha acesso ao conteúdo dos autos que, segundo afirmam, estão em poder do Procurador-Geral da República. Não me escusarei de responder a qualquer questionamento que, por ventura, seja feito pelos senhores senadores e senhoras senadoras.
Reafirmo o que disse no Plenário: se existe alguma suspeita sobre o meu procedimento, exijo profunda e meticulosa investigação no foro constitucionalmente adequado, qual seja, o Supremo Tribunal Federal.
Aproveito a oportunidade para comunicar a Vossa Excelência que, para acompanhar a evolução dos fatos e versões noticiados nos últimos dias, me afastei hoje da liderança do Democratas no Senado Federal.
Atenciosamente,
Senador Demóstenes Torres"