[caption id="attachment_137340" align="alignleft" width="285" caption="Tucanos acusam José Eduardo Cardozo (ao centro) de dar andamento a documento falso"]

[fotografo]José Cruz/ABr[/fotografo][/caption]A cúpula do PSDB pediu hoje (26), em entrevista coletiva, em Brasília, a demissão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT). O partido anunciou que vai entrar com representação no Ministério Público Federal para que o petista seja investigado por improbidade administrativa. Os tucanos ainda acusaram o PT de tentar reeditar o caso do "dossiê dos aloprados" para tirar proveito eleitoral e abafar as prisões do mensalão.
"A tentativa de fazer com que os outros possam parecer iguais não terá êxito, porque nós não somos iguais. Prezamos e praticamos a ética na vida pública não apenas em determinados momentos, mas ao longo de toda a nossa trajetória", disse o presidente da sigla e pré-candidato à Presidência, senador
Aécio Neves (PSDB-MG).
Os tucanos acusam Cardozo de repassar à Polícia Federal um documento falso atribuído a um ex-diretor da Siemens que associa políticos do PSDB, do DEM e do PPS a um esquema de corrupção na área do transporte metroviário. "Se a presidente não sabia desse episódio, agora sabe. Ou demite o ministro ou é cúmplice desse dossiê de aloprados", afirmou o secretário estadual de Energia de São Paulo José Aníbal, referindo-se ao caso em que petistas foram acusados de forjar dossiê que associava o ex-governador José Serra à máfia das ambulâncias durante as eleições de 2006.
Entre os beneficiários citados no documento aparecem Edson Aparecido (PSDB), chefe da Casa Civil do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o deputado
Arnaldo Jardim (PPS-SP). O texto, que seria um depoimento prestado pelo ex-diretor da multinacional alemã Everton Rheinheimer, aponta proximidade entre o atual líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), os secretários Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e José Aníbal e o lobista Arthur Teixeira, suspeito de intermediar o repasse de propinas pelas empresas do cartel.
O caso veio à tona na semana passada após reportagem do jornal
O Estado de S. Paulo. De acordo com o texto atribuído a Everton Rheinheimer havia um "forte esquema de corrupção no estado de São Paulo durante os governos Covas, Alckmin e Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM". No dia seguinte, Rheinheimer negou a autoria das declarações.
Cade
O ministro José Eduardo Cardozo alega que repassou à PF papéis entregues pelo deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT), atual secretário municipal de Serviços da prefeitura de São Paulo. Segundo os autos do inquérito, os dados foram repassados à Polícia Federal pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), também subordinado a Cardozo. O órgão é presidido por
Vinicius Carvalho, ex-chefe-de-gabinete de Simão Pedro.
Na entrevista coletiva, a cúpula tucana disse que vai acionar, ainda, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República e chamar José Eduardo Cardozo para depor no Senado. O partido afirma que o ministro da Justiça deveria ter repassado os papéis à Procuradoria-Geral da República, já que há parlamentares citados. Deputados, senadores e outras autoridades federais só podem ser investigados a pedido da PGR.
O senador Aloysio Nunes defendeu a convocação de
Vinicius Carvalho para que ele explique por que omitiu do currículo o fato ter trabalhado para Simão Pedro antes de assumir o Cade. Ele recebeu recentemente censura da Comissão de Ética Pública pela omissão. Para o tucano, Vinícius deveria perder o cargo.
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