[caption id="attachment_143471" align="alignleft" width="286" caption="Rachel: "Afirmei compreender (e não aceitar, que fique bem claro!) a atitude desesperada dos justiceiros do Rio""]
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[fotografo]Reprodução[/fotografo][/caption]A bancada do Psol no Congresso e dois deputados petistas entraram, nesta terça-feira (11), com uma representação na Procuradoria-Geral da República contra a jornalista
Rachel Sheherazade e o SBT por apologia ao crime, à tortura e ao linchamento. O grupo foi recebido esta tarde pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem caberá dar andamento à denúncia. Janot se comprometeu a designar um procurador para investigar o caso.
"A violência é feita em palavras pela Sheherazade tentando justificar uma violência absurda. E ela diz isto num meio de comunicação que é uma concessão", afirmou o líder do Psol na Câmara,
Ivan Valente (SP). "A liberdade de imprensa, que é importante e necessária, não poder ser refúgio de declarações irresponsáveis", acrescentou o deputado.
Além de
Ivan Valente, também assinam a representação os deputados
Chico Alencar (Psol-RJ), Jean Wyllys (Psol-RJ),
Erika Kokay (PT-DF) e Renato Simões (PT-SP), além do senador
Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e da representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação Beatriz Barbosa. Também participaram do encontro com o procurador-geral o jornalista Jonas Valente, do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, e o deputado Domingos Dutra (SDD-MA), ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Preso nu no poste
Na edição do último dia 4 do jornal SBT Brasil (
veja o vídeo), ela exaltou o comportamento de um grupo de pessoas que resolveu punir a seu modo um adolescente de 16 anos acusado de cometer furtos no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro (RJ). O rapaz foi preso nu a um poste, com o pescoço acorrentado por uma trava de bicicleta, teve parte da orelha cortada e só foi libertado depois que uma moradora da região chamou os bombeiros para soltá-lo.
O garoto disse à polícia ter sido agredido por cerca de 15 pessoas. Após a exibição da reportagem, Rachel disse que era "compreensível" a ação dos chamados "justiceiros" por causa do clima de insegurança nas ruas e da ausência de Estado. Ela também criticou a atuação de entidades e militantes dos direitos humanos. "Faça um favor ao Brasil. Leve um bandido para casa."
Em nota, o SBT diz que o comentário é de inteira responsabilidade da apresentadora de seu telejornal. Em artigo publicado na
Folha de S. Paulo nesta terça, Rachel defendeu-se: "Em meu espaço de opinião no jornal SBT Brasil, afirmei compreender (e não aceitar, que fique bem claro!) a atitude desesperada dos justiceiros do Rio".
São Paulo
Ontem (10) a presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, senadora Ana Rita (PT-ES), pediu à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que abra procedimento para apurar o conteúdo do comentário de Rachel. Para a senadora, a apresentadora violou os direitos humanos e fez incitação à violência.
Com o ofício, foi encaminhada uma nota de repúdio publicada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro sobre as violações de direitos cometidas pela jornalista.
Veja o ofício encaminhado pela senadora à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo:
"Encaminho cópia da nota de repúdio do Sindicato dos Jornalistas e da Comissão de Ética contra declarações da jornalista Rachel Sheherazade do SBT, solicitando a instauração do competente procedimento para investigar e responsabilizar a jornalista Sheherazade, porquanto violou os direitos humanos, o Estatuto da Criança e do Adolescente e fez apologia à violência quando afirmou achar que 'num país que sofre de violência endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível' - Ela se referia ao grupo de rapazes que, em 31/01/2014, prendeu um adolescente acusado de furto e, após acorrentá-lo a um poste, espancou-o, filmou-o e divulgou as imagens na internet."
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