[caption id="attachment_111060" align="alignright" width="290" caption="Collor já é investigado no STF por suspeita de ter recebido propina de R$ 3 milhões do esquema de corrupção na Petrobras"]

[fotografo]Lia de Paula/Ag. Senado[/fotografo][/caption]O ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) aparece como o político beneficiado com a maior quantia entre os 18 nomes apontados pelo empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, de acordo com reportagem da revista
Veja. Segundo a revista, o empresário disse que repassou R$ 20 milhões a aliados do senador alagoano como comissão por um contrato de R$ 650 milhões fechado pela UTC com a BR Distribuidora. Uma das subsidiárias da Petrobras, a BR Distribuidora tinha como diretor, na época, o engenheiro José Zonis. A reportagem sustenta que Zonis foi indicado ao cargo por Collor, após ameaçar romper com o governo. O delator contou que a oferta de contrato para a UTC foi feita pelo ex-ministro
Pedro Paulo Leoni Ramos, amigo do ex-presidente da República, que o levou ao encontro de Zonis. Ricardo Pessoa disse que
Pedro Paulo, mais conhecido como PP, deixou claro que seu fiador no negócio era o senador petebista.
"O dono da UTC contou aos investigadores que, após a reunião com o diretor, a empreiteira aceitou o acordo, ganhou os contratos e pagou a
Pedro Paulo e a Fernando Collor nada menos que 20 milhões de reais", diz trecho da reportagem assinada por Robson Bonin. O empreiteiro entregou ao Ministério Público planilhas com as datas dos desembolsos e narrou detalhes dos encontros com e da entrega do dinheiro, afirma
Veja. Pessoa disse que aceitou fechar o negócio por saber que Collor estava por trás das tratativas.
Ao todo,
18 nomes de seis partidos (PT, PSDB, PMDB, PP, PTB e PSB) foram apontados pelo dono da UTC como beneficiários de recursos destinados por sua empresa mediante esquema de desvio de recursos da Petrobras. A segunda maior quantia citada pelo delator aparece associada ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, um dos presos da Lava Jato. Segundo Ricardo Pessoa, R$ 15 milhões foram entregues ao petista. O terceiro maior montante é o atribuído à campanha à reeleição da presidente Dilma no ano passado, R$ 7,5 milhões.
Em nota enviada ao
Congresso em Foco,
Pedro Paulo classifica as referências ao seu nome pelo delator como mentirosas. "A propósito das afirmações atribuídas a Ricardo Pessoa em sua delação premiada, as declarações que citam o nome de
Pedro Paulo Leoni Ramos revelam uma profunda e completa desconexão com a verdade e portanto são estrategicamente mentirosas.Leoni Ramos nega e repudia categoricamente que tenha recebido ou intermediado valores ou contratos conforme narrado na reportagem e afirma que está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos."
No Supremo
Os demais citados não foram localizados pela reportagem. O senador, porém, sempre negou qualquer ligação com a Lava Jato. Ele é um dos políticos investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de participação no esquema de corrupção na Petrobras. A apuração contra o petebista foi aberta em julho do ano passado por causa de depósitos de dinheiro em sua conta feitos pelo doleiro Alberto Youssef, considerado o principal operador do esquema.
Ao colaborar com as investigações em troca da redução de sua pena, o doleiro contou que Collor recebeu propina de R$ 3 milhões resultante de um negócio da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Segundo Youssef, a propina é de um contrato firmado em 2012, no valor de R$ 300 milhões, entre uma rede de postos de combustíveis de São Paulo e a BR Distribuidora.
De acordo com reportagem da
Folha de S.Paulo, o delator disse que o negócio era para que a rede deixasse uma marca de combustíveis e passasse a integrar o grupo de revendedores da BR Distribuidora. O montante, conforme o doleiro, foi dividido em três parcelas de R$ 1 milhão repassadas ao empresário Paulo Leoni Ramos, apontado como emissário de Collor, único político do PTB incluído na relação dos investigados da Lava Jato no Supremo. O senador sempre negou a acusação.
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