O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), rebateu a
declaração da presidente Dilma Rousseff de que setores "golpistas" da oposição defendem o seu impeachment. Um dos principais defensores da cassação do mandato da presidente, Caiado negou que os oposicionistas tramem um golpe e cobrou autocrítica da petista diante do agravamento da crise política.
Para ele, em vez de apresentar propostas para mudar o cenário político do país, Dilma fala como uma governante que está em seus "últimos dias de mandato" ao desafiar a oposição a provar seu envolvimento em irregularidades e tirá-la do poder. "A entrevista de Dilma para a
Folha segue o script de muitos que estiveram nos seus últimos dias de mandato e não tiveram a habilidade de construir uma transição. Em vez de ter a estatura de estadista nesse momento de crise, ela se coloca em uma posição de desafio, como se fosse culpa da oposição o momento que passa o país", criticou.
O senador afirmou que o país vive uma crise de confiança devido à falta de credibilidade da presidente entre a população, o empresariado, os investidores e sua base aliada no Congresso. "Dilma adota uma postura imperial. Crime de responsabilidade fiscal? Golpe. Crime eleitoral? Golpe. Omissão como presidente do Conselho da Petrobras? Golpe. Então ela é imune a tudo? Caso essa tese prevaleça, todo cidadão amanhã vai se embasar no cargo que ocupa para dizer que qualquer tentativa de buscar aquilo que a legislação determina, seja eleitoral ou fiscal, é golpe", criticou Caiado.
O senador afirma que Dilma não pode falar em "golpe" e precisa assumir responsabilidade pelas chamadas "pedaladas fiscais", em análise no Tribunal de Contas da União (TCU), e por ter deixado "correr solto", nas palavras dele, o esquema de corrupção na Petrobras, quando presidia o conselho administrativo da estatal. "São crimes bem fundamentados na lei. Não dá para acusar a oposição de golpista. Quer dizer que a presidente é imune a tudo? Isso é uma postura imperial, nada republicana", acrescentou.
Na semana passada, Caiado defendeu, em reunião com demais líderes da oposição, o pedido de impeachment da presidente após divulgação de trechos da delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia. Apontado como chefe do "clube das empreiteiras" que atuavam em cartel na Petrobras, segundo a Operação Lava Jato, Pessoa disse que repassou R$ 7,5 milhões do "petrolão" para a campanha à reeleição de Dilma. Mas a maioria das lideranças oposicionistas defendeu aguardar a continuidade das investigações da Lava Jato e do processo que investiga as contas da campanha da presidente na Justiça eleitoral. Dois políticos da oposição também foram citados entre os beneficiários do esquema.
'Não vou cair'
Em entrevista à
Folha, publicada nesta terça-feira, Dilma chamou setores da oposição de "golpistas" e desafiou seus adversários a tentarem tirá-la do cargo. A presidente afirmou que não vai renunciar ao mandato nem ser cassada porque não cometeu nenhum ato ilícito. "Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso aí é moleza, é luta política", declarou.
Segundo ela, não há qualquer fundamento para um eventual pedido de impeachment, como defendem seus opositores. "As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair", declarou. "E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam", emendou.
Dilma: 'Eu não vou cair, isso aí é moleza'
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