Caso de Mauro Cid levantou questionamentos sobre militares considerados mortos pelas Forças Armadas. Foto: Alexandre Manfrim/Defesa
O Centro de Comunicação Social do Exército espionou políticos durante a tramitação do PL 1.645/2019, que garantiu a reestruturac¸a~o da carreira dos militares com um regime especial de previdência. A investigação foi divulgada pela revista Sociedade Militar nesta segunda-feira (23). Em relatório, a comunicação monitorava a rede dos deputados Marcelo Freixo (PSB-RJ), Glauber Braga (Psol-RJ) e Talíria Petrone (Psol-RJ).
De acordo com o documento, o objetivo do monitoramento era avaliar o impacto da imagem do Exe´rcito Brasileiro nas redes sociais. O acompanhamento ocorreu enquanto o projeto de lei tramitava na Câmara. Em si, o relatório dividia em seis os grupos a serem vigiados:
- Cidadãos
- Políticos
- Mídia e Blogs de Mídia
- Militares Forças Armadas
- Militares Forças Auxiliares Estados
- Associações de Militares
O texto em trâmite previa uma nova estrutura de carreira, além de novas regras para aposentadoria e reajuste do abono salarial dos militares. O projeto foi aprovado pelo Congresso em dezembro de 2019 e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro sem nenhum veto.
Ao Congresso em Foco, a assessoria do deputado Marcelo Freixo confirmou o envio de um requerimento de informação ao Ministério da Defesa nesta segunda (23). No documento divulgado, Freixo é considerado "um forte influenciador de massas radicais no Twitter e possui expressão com seus mais de 1 milhão de seguidores". O parlamentar afirma que essa fiscalização feita pelo Exército é "inaceitável".
"Não é papel do Exército monitorar deputados de oposição e muito menos interferir na pauta do Poder Legislativo. Esse denúncia é gravíssima, por isso eu acionei o Ministério da Defesa para que eles prestem esclarecimentos sobre esse monitoramento. Queremos saber qual empresa está fazendo esse trabalho, o que prevê o contrato, como o monitoramento foi realizado e a que tipo de informações eles tiveram acesso", ressaltou o deputado.
No documento encaminhado à pasta, o parlamentar afirmou que os os fatos são graves e podem representar "a quebra da harmonia e independência entre os Poderes da República, além de uma afronta à inviolabilidade das opiniões, palavras e votos dos Deputados Federais".
Segundo a publicação da revista, os relatórios revelam que os setores de inteligência agiram de forma intensa para medir a reação do público civil e militar sobre os passos do projeto apresentada pelo governo à Câmara. Entre as 762 postagens analisadas, mostraram que cerca de 80% eram negativas, 20% neutras e 0,26% positivas.
Procurados, a Comunicação Social do Exército e o Ministério da Defesa não se pronunciaram até a publicação desta reportagem.
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