No olho do furacão da crise política e econômica instalada no país, a presidente Dilma Rousseff fará novo pronunciamento em rede nacional de rádio e TV nesta quinta-feira (6), a fim de defender o PT e o governo. A petista dirá que a situação está ruim, mas já esteve pior, mas corre o risco de não ser ouvida. Pelo menos é o que promete manifestação marcada para o horário do programa: até o momento, cerca de 5,6 mil pessoas já confirmaram bater muita panela das janelas e sacadas de suas casas.
Na descrição do evento agendado pelo Facebook, o chamado "panelaço" se define como uma espécie de termômetro para os protestos anti-Dilma que ocorrerão no próximo dia 16, liderados por grupos alinhados à oposição. "Esse será o nosso esquenta", diz a página da rede social.
O novo programa da petista será o segundo do ano em rede nacional. No primeiro, no Dia da Mulher, a presidente também foi alvo de panelaço, o que foi interpretado como combustível para as manifestações de rua no mês seguinte, em abril. Após o episódio, Dilma vinha evitando aparições televisivas, o que a fez, inclusive, cancelar seu já tradicional discurso do dia 1º de maio, Dia do Trabalhador.
O PSDB prometeu que será um dos protagonistas das manifestações do dia 16. Os tucanos devem divulgar nesta quinta-feira (6) e no sábado (8) propaganda em que se dizem a favor da marcha. Principal líder oposicionista, o senador
Aécio Neves (PSDB-MG) já disse que "possivelmente" comparecerá aos atos. A aposta é que, se o protesto tomar proporções ainda maiores que os anteriores, as articulações pelo impeachment da presidente nas Casas legislativas se fortalecerão.
Desta vez dará para verificar se a intensidade do barulho estará mais em sintonia com o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), ou da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cunha partiu para o recesso parlamentar com o anúncio de rompimento com o governo e despachou
11 pedidos de impeachment contra a presidente (o número já foi ampliado). Ao fim dos 15 dias, voltou de forma vingativa. Ele lançou a chamada "
pauta bomba", que enfileira no Plenário da Casa uma série de votações que vão contra os interesses do governo.
No entanto, diferentemente de Cunha, Renan voltou
governista das pequenas férias. O peemedebista alagoano prometeu neutralizar a "pauta bomba", apoiar o ajuste fiscal e pautou projetos que podem contribuir para o equilíbrio das contas públicas. A aproximação se dá às vésperas do julgamento da prestação de contas de Dilma pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O PMDB indicou três dos nove ministros do tribunal, dois dos quais apadrinhados pelo senador: os novatos Bruno Dantas e Vital do Rêgo Filho, ex-senador. Uma eventual rejeição das contas pela corte, em razão das "pedaladas fiscais", é a pior das prospecções que podem ser feitas do cenário atual por Dilma, pois abre real caminho para o seu impeachment no Congresso.
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