Temer é citado formalmente pela primeira vez na Lava Jato
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
[fotografo]Marcelo Camargo/Agência Brasil[/fotografo][/caption]Um dos investigados pela
Operação Lava Jato, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou em sua delação premiada que repassou propina a pelo menos 20 políticos por meio do esquema de corrupção que saqueou a Petrobras. As informações, tornadas públicas pelo relator da investigação no Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, nesta terça-feira (15)
, apontam que entre os beneficiados pelo dinheiro ilícito estão membros de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PSB. Machado afirma que o PMDB, fiador de sua indicação para o comando da Transpetro, foi quem recebeu a maior quantia: R$ 100 milhões. Além disso, o ex-dirigente voltou a dizer que o presidente interino Michel Temer (PMDB) pediu, em 2012, recursos para a campanha eleitoral do então deputado Gabriel Chalita (PMDB) à Prefeitura de São Paulo (
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Essa é a primeira vez que o nome de Temer aparece formalmente na Lava Jato. A informação veio a público após o
vazamento dos áudios gravados pelo ex-presidente da subsidiária da Petrobras com lideranças do PMDB, que estavam mantidos em sigilo sob a guarda do Supremo. Durante conversa com o ex-presidente José Sarney, Machado disse que "ajudou" na campanha eleitoral de Chalita.
"O Michel. eu contribuí para o Michel. Não quero nem que o senhor comente com o Renan. Contribuí com o Michel para a candidatura do menino. Falei com ele até em lugar inapropriado, na base aérea", relata Sérgio Machado. O termo "menino" é utilizado como referência a Chalita.
Além de Temer e Chalita, constam da delação de Sérgio Machado como beneficiários de propina os (as) deputados (as) Luis Sérgio (PT-RJ),
Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Felipe Maia (DEM-RN), Heráclito Fortes (PSB-PI); os ex-deputados Sergio Guerra (PSDB-PE), morto em 2014, Jorge Bittar (PT-RJ), Cândido Vaccarezza (PT-SP); o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB); os senadores José Agripino Maia (DEM-RN), Garibaldi Alves (PMDB-RN), Valdir Raupp (PMDB-RO); o vice-governador do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles (PP); e os ex-ministros da presidente Dilma Edson Santos e Ideli Salvatti, ambos do PT, além de uma pessoa identificada como Valter Alves.
Ainda segundo a delação à Procuradoria-Geral da República, Machado contou à equipe de investigação que os políticos o procuravam, pediam colaborações, e ele fazia o contato com as empreiteiras que tinham contrato com a Transpetro. "Embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam ao procurarem o depoente que não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro", disse, acrescentando que nenhuma das doações pedidas por ele às empresas era lícita.
Machado relatou ainda que parte da propina era entregue em dinheiro vivo aos parlamentares. Outra fração dos recursos era declarada como doação oficial, acrescentou o ex-dirigente.
O delator assumiu a presidência da Transpetro em 2003, por indicação do presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), com aval dos senadores
Jader Barbalho (PMDB-PA), Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA) e do ex-presidente da República José Sarney. Todos esses peemedebistas, conhecidas lideranças do partido no Congresso, foram beneficiados com o esquema de propina, segundo Machado.
Ele admitiu ainda que administrava a Transpetro com o intuito de "extrair o máximo possível de eficiência das empresas contratadas pela estatal, tanto em qualidade quanto em preço".
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