Número de confirmações se aproxima de quórum necessário para cassar mandato de Cunha
[caption id="attachment_261171" align="alignright" width="300" caption="Faltam apenas três dias para sessão que vai analisar parecer pela cassação do mandato de Cunha"]
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[fotografo]Divulgação/Agência Brasil[/fotografo][/caption]Faltam apenas três dias até a data estabelecida pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para a sessão que vai analisar o parecer do Conselho de Ética que sugere a cassação do mandato parlamentar do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ao todo, 207 deputados já confirmaram ao
Congresso em Foco que estarão presentes na sessão da próxima segunda-feira (12). Cunha já é réu da
Operação Lava Jato em duas ações penais e sofreu processo por quebra de decoro parlamentar naquele colegiado, que recomendou sua cassação ao plenário. Com a atualização do início desta tarde (sexta, 9), o Espírito Santo passa a ser o primeiro estado a ter todos os seus deputados confirmados para a sessão.
Outro dado importante é a confirmação de 100% dos parlamentares das bancadas do Psol e do PCdoB. São Paulo é o estado com mais confirmações até o momento, e contabiliza 34 menções de presença. Em seguida vem o Rio de Janeiro, com 19 deputados presentes, e Bahia, que soma 18 representantes confirmados para o dia da votação. Por enquanto, o PSC é o partido com menos confirmações. Apenas 14,29% dos membros da legenda responderam à consulta. Os números são da parcial divulgada às 14h desta sexta-feira (9). Os parlamentares são convidados à
consulta feita pelo Congresso em Foco com a seguinte pergunta:
"Senhor(a) Deputado(a),
O Congresso em Foco pode confirmar o seu comparecimento na sessão deliberativa da Câmara dos Deputados marcada para as 12 horas do próximo dia 12 de setembro, na qual será julgado o processo de cassação do deputado Eduardo Cunha?"
Em poucos segundos, o deputado responde se confirma ou não sua presença na sessão do dia 12. Todos os gabinetes serão procurados também por telefone. O leitor pode
acompanhar aqui a resposta de cada parlamentar.
Cartas por ajuda
Nos últimos dias, o ex-presidente da Câmara intensificou suas articulações para tentar escapar da cassação. A cinco dias da primeira votação do parecer do Conselho de Ética em plenário Cunha lançou um site (
www.adefesadocunha.com.br) em que apresenta suas alegações, tanto em termos jurídicos quanto na análise política do seu caso.
Além disso, o peemedebista também tem enviado seguidas cartas aos colegas da Câmara alegando inocência e pedindo voto contra a sua cassação. No texto da mensagem que manda aos gabinetes dos demais deputados, Cunha reconhece a dificuldade de convencer os pares em uma carta, mas apela para que reconheçam a sua atuação no impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Todos sabem que sem a minha determinação e sem a minha atuação jamais este processo teria sido aberto", escreveu na carta.
Cunha diz na carta que não
mentiu à CPI da Petrobras, em março de 2015, quando negou que tenha contas em bancos no exterior e não declaradas à Receita Federal e por isso não cometeu ilegalidades. Apela para a decisão política dos colegas com o argumento de que foi fundamental para a retirada do PT do poder.
"STF não interfere em miudezas"
O Supremo Tribunal Federal (STF)
negou na última quinta-feira (8) o recurso do deputado afastado. Esta foi uma importante - mas previsível - derrota do peemedebista no tribunal. O pedido da defesa de Cunha era para suspender o processo, que já dura nove meses, de cassação aberto contra ele na Câmara. A decisão dos ministros foi por dez votos a um. O relator, ministro Luís Roberto Barroso, rejeitou o recurso por entender que não houve ilegalidades durante o processo. Para Barroso, a matéria cabe tratamento interno da Câmara, sem intervenções do
Judiciário.
"Se a interpretação dada pela Casa Legislativa for razoável, não for absurda, o STF não interfere em miudezas de votação nominal ou eletrônica", disse Barroso.
Acompanharam o relator os ministros Edson Fachin, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Celso de Mello e o presidente da Corte, Ricardo Lewandowski.
O ministro Marco Aurélio foi o único a concordar com a defesa. Segundo o ministro, Cunha não pode ser cassado porque não está no exercício do mandato. Em maio, o deputado foi afastado do cargo pelo Supremo por interferir nas investigações da Operação Lava Jato.
Esvaziamento
Aliados de Eduardo Cunha apostam em duas estratégias para evitar a cassação do colega: esvaziar a sessão do dia 12 ou, caso isso não seja possível,
trocar a pena de perda de mandato pela suspensão temporária, de 90 dias ou até seis meses. Parte dos peemedebistas analisa a alternativa de faltar à Câmara para tentar derrubar a sessão por falta de quórum e forçar o adiamento da votação para depois das eleições. Para cassar o mandato de Cunha, acusado de omitir a existência de contas no exterior em depoimento à CPI da Petrobras, são necessários 257 votos entre os 513 deputados.
A recomendação da perda do mandato de Eduardo Cunha
foi aprovada pelo Conselho de Ética, por 11 votos a 9, em 14 de junho. A decisão ocorreu 245 dias após a representação da Rede e do Psol ter sido entregue ao colegiado. Nesse período, aliados de Cunha promoveram uma série de manobras protelatórias, que incluíram a troca de relatoria e diversos recursos ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O processo envolve apenas uma das
acusações existentes contra Eduardo Cunha: a possível quebra do decoro parlamentar por ter negado possuir contas no exterior, em depoimento à CPI da Petrobras no ano passado. Ao recomendar a cassação no Conselho de Ética, o relator,
Marcos Rogério (PSD-RO), destacou as provas enviadas pelo Ministério Público da Suíça. Elas mostram que Cunha abriu contas secretas naquele país, em nome de familiares e de empresas, mas sempre mantendo controle sobre elas. Segundo
Marcos Rogério, trustes e
offshores foram usados pelo deputado para ocultar patrimônio mantido fora do país e receber propina de contratos públicos (
veja a íntegra do relatório).
Confirmaram presença na sessão que julgará Cunha, dia 12:
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