[caption id="attachment_239443" align="alignleft" width="285" caption="Pesquisa publicada apontou que 50% dos entrevistados prefere permanência de Temer a Dilma"]
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[fotografo]Lula Marques/Agência PT[/fotografo][/caption]Em sua coluna semanal, publicada neste domingo (24), a ombudsman da
Folha de S.Paulo, Paula Cesarino Costa, considerou que o jornal
errou e persistiu no erro ao publicar dados incompletos da pesquisa do Datafolha de avaliação do governo interino de Michel Temer, no último dia 16. A polêmica começou após o
site de notícias The Intercept, liderado pelo jornalista norte-americano radicado no Brasil Glenn Greenwald, acusar o jornal de cometer "fraude jornalística" ao omitir a informação de que 62% dos entrevistados apoiavam a realização de novas eleições presidenciais, com a renúncia de Dilma e Temer.
O jornal destacou, no entanto, que
50% preferem a permanência do peemedebista à volta da petista e que, mesmo sem haver essa hipótese, 3% disseram defender novas eleições. Após a polêmica, a
Folha publicou a íntegra da pesquisa, mas refutou ter cometido qualquer equívoco, alegando, entre outras coisas, que o jornal não costuma publicar a íntegra dos levantamentos do Datafolha.
A ombudsman - papel que cabe no jornalismo a um crítico interno sobre a própria publicação
- diz que sugeriu à redação "que reconhecesse seu erro editorial e destacasse os números ausentes da pesquisa em nova reportagem".
"A meu ver, o jornal cometeu grave erro de avaliação. Não se preocupou em explorar os diversos pontos de vista que o material permitia, de modo a manter postura jornalística equidistante das paixões políticas. Tendo a chance de reparar o erro, encastelou-se na lógica da praxe e da suposta falta de apelo noticioso. A reação pouco transparente, lenta e de quase desprezo às falhas e omissões apontadas maculou a imagem da
Folha e de seu instituto de pesquisas. A
Folha errou e persistiu no erro", escreveu Paula Cesarino, que foi secretária de Redação do jornal.
Segundo Paula, este foi o assunto que mais mobilizou os leitores desde que ela assumiu o mandato de ombudsman no jornal. A jornalista contou que 62% das mensagens endereçadas a ela desde quarta-feira foram críticas e acusações ao jornal.
Paula divergiu do editor-executivo do jornal, Sérgio Dávila, que alegou que o resultado da questão sobre a dupla renúncia de Dilma e Temer não pareceu especialmente noticioso, por repetir uma tendência e por se tratar de um cenário político pouco provável. "Se a possibilidade de dupla renúncia não era mais levada em conta, por que então a questão foi incluída na pesquisa? O questionário já foi elaborado nesse cenário. A repetição de tendência como argumento para não publicar o resultado é incoerente com a prática do jornal por anos a fio", contestou. Para ela, o jornal tem subaproveitado temas políticos ao destacar em manchete o otimismo com a economia.
Leia a íntegra do artigo da ombudsman na Folha de S.Paulo
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