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Congresso em Foco
27/07/2016 | Atualizado às 21h40
Caio Tendolini *
O que mais escuto hoje, de pessoas que trabalhavam no governo e até de quem saiu às ruas a favor do impeachment, para derrubar a presidente, é que "não há luz no fim do túnel".De fato, a perspectiva da política nacional é tenebrosa, capaz de desanimar até o mais esperançoso. Até hoje não vi ninguém celebrar Temer, e cada vez menos vejo gente torcendo para que Dilma volte.
Fica cada vez mais claro que o sistema político como o conhecemos está corrompido. Do sistema eleitoral ao presidencialismo de coalizão, nenhum governo se safa do fisiologismo e patrimonialismo enraizados na política brasileira. E ao olhar para a complexidade do problema, dá vontade de desistir e ir tocar a vida.
Mas a política é inevitável. Não importa se você a entende, percebe ou não, ela te afeta todos os dias, o dia todo.
Mas se não podemos desistir da política e não vemos luz no fim do túnel, o que podemos fazer?
Se não criarmos ações capazes de desafiar o sistema político atual, dificilmente veremos alguma transformação duradoura. Desafiar a estrutura em sua forma, tensionando o seu funcionamento.
Assim, o importante é encontrar por onde começar. Nós optamos pelas eleições.
Cerca de 3 meses atrás, nós começamos a Bancada Ativista - um movimento suprapartidário de cidadãs e cidadãos da cidade de São Paulo, com atuação em múltiplas causas sociais, econômicas, políticas e ambientais, que se uniu para dar suporte a pré-candidaturas de ativistas ao poder legislativo nas eleições de 2016.
Juntos, temos dois objetivos: eleger ativistas para a Câmara de Vereadores de São Paulo e aprender como fazer campanhas eleitorais que fujam da lógica de dinheiro>voto e pragmatismo>programa.
Abaixo, segue uma mini receita de como rodar um experimento nesse sentido:
[há vários tipos de compromisso, mas cuidado com pessoas que gostam de dar pitacos mas não gostam de trabalhar, elas podem estragar a receita]
[aqui é importante garantir diversidade de pautas, partidos e territórios na cidade. E lembre-se, sempre haverão outras candidaturas ativistas que podem surgir ao longo do processo, é importante encontrar critérios para decidir como se relacionar com elas]
[pode começar com uma, mas é importante utilizar caldeiras diferentes ao longo da receita]
[toda pessoa tem conteúdo e conexões, descubra formas de revelá-las e conectá-las ao processo. Respeite a disponibilidade de cada um, mas compreendendo que quem se dedica mais se apropria mais do processo]
[é importante encontrar um alinhamento mínimo. Nós trabalhamos em cima de princípios e práticas de campanha. Lembrem-se: vocês partiram de redes próximas, ou seja, tendem a concordar muito mais do que discordar]
[separe grupos de trabalho e um processo de tomada de decisão coletiva. Encontre um alinhamento mínimo, e deixe o trabalho e a troca ir revelando as discordâncias e permitindo os ajustes]
[nós chamamos de Bancada Ativista, mas pode ter qualquer nome que gere pertencimento no grupo]
[mesmo com dúvidas, crie canais de comunicação e faça um evento de lançamento para mostrar à redes mais próximas que esse grupo existe. Lembre-se de manter o código do processo aberto]
É importante ressaltar que a receita acima ainda está incompleta, pois estamos no meio do processo, e ainda não sabemos direito o que vai sair dela. E lembre-se que toda receita tem pitacos autorais dos seus criadores. Então, essa fórmula pode ganhar novos ingredientes ou processos para ter a cara local do seu movimento.
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