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Congresso em Foco
24/01/2018 | Atualizado às 18h31
<< Comissão do Senado aprova fim da estabilidade para servidores públicos nos primeiros cinco anosSe patrão e gerente cometem atos ilícitos e coagem seus funcionários à cumplicidade, todos vão à 1ª instância. Fato relevante: eles lidam com dinheiro privado e compartilham, conjunta e isoladamente, os riscos do seu mau uso, lícito ou ilícito. No serviço público, "patrão" (doravante ministro) e servidores muitas vezes não perseguem o mesmo objetivo. Um ministro que visa ao seu ganho eleitoral pode usar do apadrinhamento para escolher seus gerentes, sob risco de não honrar os favores e a lealdade que deve a seus próprios padrinhos. Seus gerentes devem produzir resultados para o ministro, pois, assim, caem em suas graças. Se esse ministro pratica ilicitudes e consegue coagir servidores à cumplicidade, esses servidores vão à 1ª instância, e o ministro permanece blindado em seu foro privilegiado. Fato relevante: esses personagens lidam com dinheiro público, ainda que alguns ministros não o entendam como tal, haja vista a avalanche de desvios de verbas públicas para caixa 2 de campanhas, superfaturamento de obras, malas de dinheiro para todo lado, joias, mansões, etc. Há exceções; existem ministros e comissionados que ganham projeção eleitoral por honradamente cumprirem seu papel com a nação, e não pelo clientelismo que assola nosso país. Vale lembrar que, a cada 4 anos, novos governantes vêm salvar a pátria de todo o mal causado pelo governo anterior, reinventando a roda onde é possível. A existência de um quadro estável de servidores que perpasse esses períodos de instabilidade é um dos instrumentos que a República possui para zelar pela continuidade das políticas públicas. O servidor público atua num rígido ambiente de regras e procedimentos erigidos para proteger o patrimônio público e fortalecer as instituições. A estabilidade compõe esse quadro de regras. Precisamos entender que a estabilidade não existe para privilegiar pessoas que passam em concurso público. Ela existe fundamentalmente para estabilizar a prestação continuada dos serviços públicos, independentemente de partido político e governo, além de resguardar servidores públicos contra assédios. É claro que existem servidores desmotivados e improdutivos, mas a generalização é uma nuvem de fumaça para esconder o verdadeiro problema. A classe política que fala em meritocracia, desempenho e produtividade é a mesma que age em benefício próprio e governa muito mal o país. Então, a quem interessa um servidor público instável, sujeito a assédios e chantagens? A qualidade do serviço público no Brasil precisa melhorar muito, sem dúvidas! O fim da estabilidade no serviço público com essa finalidade é apenas um sofisma na boca dos demagogos. *Rafael Leão é especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, graduado e mestre em economia pela UnB.
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