Desfile cívico-militar do 7 de setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília [fotografo] Marcelo Casall / Agência Brasil [/fotografo]
Data tradicionalmente usada por movimentos de esquerda para reforçar pautas ligadas à questões trabalhistas e sociais, o 1º de Maio pode ser um palanque para aliados do presidente
Jair Bolsonaro (PL) que encabeçam a defesa pública do deputado federal
Daniel Silveira (PTB-RJ). As articulações bolsonaristas para converter o dia em um novo
7 de Setembro - o feriado da Independência que em 2022 foi marcado por atos pró-governo e ataques ao STF - começaram. Até esta terça (26) já estavam previstas manifestações em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.
O objetivo é de que o povo esteja nos atos para "agradecer pela
liberdade", afirma a deputada
Carla Zambelli (PL-SP).
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"Em 7 de Setembro pedimos por liberdade. No 1º de Maio vamos agradecer pela liberdade conquistada e mostrar ao mundo que o Brasil pode ser um país livre para se expressar", disse a aliada do presidente ao
Congresso em Foco.
Entre os deputados bolsonaristas que organizam a convocação dos atos está, além de Zambelli, o deputado federal
Carlos Jordy (PL-RJ). Nas redes sociais, Zambelli chegou a convidar os apoiadores para ocupar a Avenida Paulista, em São Paulo, "pelo fim do autoritarismo do STF".
A deputada diz considerar as ações do Supremo contra Silveira como "autoritárias, inconstitucionais e sem respeito ao devido processo legal".
Jordy também afirmou que Daniel Silveira estará presente no ato que vai acontecer no Rio de Janeiro.
Na última quarta-feira (20), o deputado
foi condenado pela Corte a oito anos e nove meses de prisão por estímulo a atos antidemocráticos e ataques a ministros do tribunal e instituições, como o Supremo Tribunal Federal. Silveira também foi condenado à perda do mandato, suspensão dos direitos políticos e deverá pagar multa de R$ 212 mil.
Ele, no entanto, teve a o perdão concedido pelo presidente Bolsonaro por meio da
graça constitucional, estatuto que não era utilizado desde 1945.
Relembre
No ano passado, o 7 de Setembro reuniu
manifestações de bolsonaristas pelo país. Em Brasília um grupo ocupou o gramado da Esplanada dos Ministérios. Houve sobrevoo do presidente Bolsonaro. Em São Paulo a manifestação foi às ruas da Paulista e o presidente também esteve presente. Na ocasião ele disparou críticas ao Supremo Tribunal Federal e em especial ao ministro Alexandre de Moraes.
O movimento
acirrou ainda mais os ânimos entre os poderes.
Um dia depois, o presidente do STF Luiz Fux se pronunciou sobre o ato. Ele considerou a prática de Bolsonaro um ataque à democracia e afirmou que poderia se configurar crime de responsabilidade. O chefe do Executivo recuou, recorrendo ao ex-presidente
Michel Temer (MDB) para a elaboração da Carta à Nação: documento em que Bolsonaro se retrata pelo discurso de Sete de Setembro e prometeu uma "trégua".
A pacificação, no entanto, chegou ao fim após Bolsonaro assinar uma decreto que concede graça ao deputado Daniel Silveira, condenado a oito anos e nove meses de prisão por ameaças e incitação à violência contra ministros do STF.
Na justificativa do decreto, o presidente diz que "a sociedade encontra-se em legítima comoção, em vista da condenação de parlamentar resguardado pela inviolabilidade de opinião deferida pela Constituição, que somente fez uso de sua liberdade de expressão". A decisão do presidente perdoa os crimes de Silveira, deputado bolsonarista, atende a pressões da base governista e intensifica a crise com o Judiciário.