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Congresso em Foco
19/02/2018 | Atualizado às 01h26
Oráculo: Laura Carneiro diz estar "em paz" porque não precisará votar a reforma da Previdência
<< Membros da bancada da bala na Câmara apoiam intervenção no Rio, mas a consideram insuficiente << Oposição diz que intervenção é "cortina de fumaça", não é séria e desrespeita situação do RioLaura vai enfrentar uma oposição com vários discursos na ponta da língua - entre eles o de que a intervenção serve para tirar de foco o inquérito sobre o "Decretos dos Portos", que investiga suspeita de propina para Temer, e o de que se trata de uma "cortina de fumaça" para esconder o fracasso do governo na busca de votos pró-reforma da Previdência. Dizendo-se esperançosa no êxito da intervenção, a deputada minimizou a resistência oposicionista e disse à reportagem que os adversários de Temer hão de compreender que o amargor do "remédio" é imprescindível. "Acho que eles vão ter a compreensão de que o remédio é amargo, mas que é o único que tem nesta altura. E que não é intervenção militar! É uma intervenção federal, com um novo modelo", ponderou a emedebista, informando que, além de apresentar o relatório favorável ao decreto, vai fazer uma sugestão orçamentária para Temer custeá-lo adequadamente. "Sem recurso federal, não tem intervenção. Com os recursos do estado [do Rio] é impossível", acrescentou Laura, para quem o fato de Temer ter incluído o ministro Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) nas reuniões estratégias sinaliza que a intervenção terá, paralelamente, uma veia de política social. "Por outro lado, quando vem [ao Rio] o [ministro da Fazenda, Henrique] Meirelles, ele dá um indicativo de que os recursos serão da União", emendou. Mas tanto otimismo esbarra na disposição oposicionista em enfrentar as ações de Temer - principalmente a reforma da Previdência, que não pode ser promulgada enquanto uma intervenção federal esteja em vigor. Líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS) já avisou que sua bancada obstruirá todos os projetos até que a reforma seja arquivada. "Enquanto ela não estiver enterrada, estaremos em obstrução. Não votaremos nenhum tema", avisou o parlamentar. "Vamos mobilizar o nosso pessoal, votar contra, trabalhar para derrotá-los." Intervenção (com interventor) militar A obstrução irrestrita anunciada pelo PT é embalada pelo discurso de que Temer, ao recorrer aos militares para resolver um problema estadual, sinaliza que pode ir além. Paulo Pimenta evita projetar cenários e a hipótese de mais intervenções em outros estados, mas demonstra preocupação com os próximos passos do governo. "Esse decreto pode abrir um processo enorme, mas seria uma aventura de minha parte tentar adivinhar qual é o próximo estado [a sofrer intervenção]", declarou o deputado petista, para quem o decreto de Temer é uma "irresponsabilidade". Segundo Paulo Pimenta, entre as razões da medida está a criação de uma "pauta para um governo desacreditado, rejeitado por 97% da população". "É uma ação politiqueira. Já existe uma GLO [Garantia da Lei e da Ordem, recurso legal para situações de descontrole] no Rio. Desde julho do ano passado as Forças Armadas já estão autorizadas a atuar. Até hoje, sequer foi elaborado um plano de segurança pública com as demais forças do estado. Qualquer pessoa que tenha um mínimo de noção sobre segurança pública sabe que as Forças Armadas não têm preparo, nem treinamento, para enfrentar o crime organizado. O crime organizado se combate com inteligência, planejamento", acrescentou o deputado.
Laura Carneiro traduz a cena que se repetirá no Rio daqui em diante: "Remédio amargo"
<< Saiba como será a votação do primeiro decreto de intervenção federal depois do fim da ditaduraO deputado disse que a intervenção é "indispensável" diante do quadro de falência do Estado. "Inocentes estavam morrendo no Rio de Janeiro. Havia perda de controle absoluto da segurança. Uma decisão forte se impunha, e houve a decisão", declamou o parlamentar gaúcho, não vendo problemas no fato de que o interventor nomeado por Temer é um militar, quando juristas recomendam um civil nesses casos. Mas, de fato, não o dispositivo constitucional sobre intervenção (parágrafo 1º, artigo 36, da Carta) não especifica se o interventor tem que ser civil ou militar. "Poderia ser um interventor civil, mas chegaram a um militar que tem experiência", resumiu o emedebista, para quem é "mais um erro do PT" - a exemplo das versões de "golpe" do impeachment e ataques à reforma trabalhista, ele diz - acirrar o discurso contra a intervenção. "O povo quer segurança. Aí o erro do PT será maior ainda do que os outros erros ao longo do governo do Michel." Perondi lamentou ainda o posicionamento de Laura Carneiro, sua companheira de partido, a respeito da reforma da Previdência. "A deputada Laura é contra a reforma da Previdência. Ponto. Surpreendentemente é contra", resignou-se. Base afinada Se de um lado a oposição vocifera contra os planos de Temer postos em curso no ano eleitoral, a base de sustentação ao presidente parece alinhada para a execução das providências governamentais. Tanto Rodrigo Maia quanto o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), manifestaram pronto apoio público à intervenção e já garantiram rápida tramitação do decreto que a pôs em vigência - ressalva seja feita ao fato de que Maia, que não participou da decisão sobre a intervenção em seu próprio estado, revoltou-se por apenas ter sido comunicado sobre a medida, vendo-se obrigado a conter sua irritação, acalmado por Pezão. Em ano eleitoral, trata-se de uma pauta positiva bem-vinda, e o deputado nada ganharia com uma eventual objeção.
<< Depois da intervenção no Rio, Temer anuncia criação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública << "Medida extrema negociada": os vídeos em que Temer fala da intervenção e do Ministério da SegurançaE ambos com motivos suficientes para tanto, cientes de que o combate à insegurança pública é ativo político com grande potencial de votos nas urnas. E, coincidentemente, ambos entusiasmados com a pauta de projetos relativos à segurança pública em tramitação nas duas Casas legislativas, por patrocínio deles mesmos. No caso de Maia, uma bandeira empunhada desde o ano passado, quando o Rio já agonizava face à violência e ao crime organizado, a ponto de uma GLO ter sido formalizada em julho. Com determinação de vigência até 31 de dezembro passado, o instrumento garante a presença de tropas militares em situações de grave perturbação da ordem e de claro esgotamento das autoridades originais da segurança pública.
Afinação: fluminenses, Laura e Maia são apoio certo na Câmara à intervenção
<< Professora critica intervenção de Temer e viraliza: "Pior do que seis por meia dúzia, medíocre"; veja o vídeo << Bolsonaro critica intervenção militar no Rio: "Bando de vagabundos"
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