O ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que apura as causas do rompimento da barragem na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho
Relator da CPI do Senado que investiga o rompimento da barragem da Vale na cidade mineira de Brumadinho, o senador
Carlos Viana (PSD-MG) confirmou ao
Congresso em Foco que seu relatório vai trazer o pedido de indiciamento do presidente licenciado da Vale, Fábio Schvartsman, e de outras 11 pessoas físicas, além duas pessoas jurídicas pelos crimes de omissão, crime ambiental e homicídio culposo. Entre as pessoas com o indiciamento solicitado estão gerentes da Vale e da empresa de certificação e testes de segurança Tuv Sud. As duas empresas também são alvo dos pedidos de indiciamento.
"Quatorze pedidos de homicídio culposo, porque a gente não conseguiu avançar para o doloso, mas para o culposo a gente tem muita confiança na condenação. O trabalho está muito bem detalhado, nós tivemos 10 mil páginas de provas compartilhadas, entre quebra de sigilo de email, telefônico, relatórios de autoridades, isso tudo nos trouxe a um relatório que está muito bem embasado. A Vale tem uma culpa absurda nesta história porque tinha pleno conhecimento do que estava ocorrendo, que de poderia romper, sete meses antes a empresa já tinha isso configurado", disse o relator. Fábio Schvartsman está afastado temporariamente da presidência da empresa desde fevereiro.
A reunião para a leitura do relatório está marcada para a tarde desta terça-feira (2), mas pode haver pedido de vista do texto, o que levaria a votação para 9 de julho. Os pedidos de indiciamento serão encaminhados para o Ministério Público de Minas Gerais, que comanda a força-tarefa sobre o rompimento da barragem. Cabe ao MP decidir sobre pedir à Justiça a abertura de processo.
O relatório do senador
Carlos Viana também inclui 12 propostas de mudanças na legislação reunidas em três projetos de lei temáticos: segurança de barragens de mineração, tributação da mineração e crimes ambientais. Uma delas trata da proibição de novas barragens de rejeitos de mineração e de rejeitos industriais e determina a desativação das barragens já existentes no prazo máximo de dez anos. A CPI incorporou os
projetos apresentados pela Comissão Externa de Brumadinho que foram aprovados no plenário da Câmara. Para o senador
Carlos Viana, isso pode acelerar a tramitação das propostas no Congresso.
Outra medida é a criação de uma contribuição especial que permite maior tributação para as jazidas nas ricas, inspirada na lei dos royalties do petróleo. "A discussão sobre essa subtributação do minério é urgente, 3,5% é muito pouco diante do que acontece, primeiro porque é uma riqueza finita, vai embora e deixa lama para trás, temos de aumentar essa tributação, criar novas formas de amparar os municípios para o final das minas", destaca
Carlos Viana.
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