Deputada assume ministério responsável pela articulação com o Congresso [fotografo] Luis Macedo/Câmara dos Deputados [/fotografo]
A minirreforma ministerial feita nesta segunda-feira (29) pelo presidente Jair Bolsonaro coloca no comando da articulação política do governo uma fiel aliada do presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL). "Foi um bom movimento político do presidente. É uma forma de prestigiar o Arthur Lira", disse ao
Congresso em Foco uma importante liderança com livre trânsito no Palácio do Planalto. É também um aceno ao PL, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado pelo Supremo Tribunal Federal no processo do mensalão, tendo em vista uma possível aliança em 2022 para a disputa à reeleição.
Em seu primeiro mandato político, a deputada
Flávia Arruda (PL-DF), de 41 anos, assumirá a Secretaria de Governo, órgão que negocia votações, liberação de emendas e cargos com o Congresso. Flávia começou a ganhar protagonismo em fevereiro, quando foi confirmada presidente da Comissão Mista de Orçamento, por decisão pessoal de Lira. O nome dela estava envolvido na queda de braço entre Lira e o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que impediu a instalação da CMO no ano passado. Maia queria efetivar
Elmar Nascimento (DEM-BA) no comando da comissão.
Flávia Arruda é casada com o ex-governador cassado do Distrito Federal José Roberto Arruda, que passou dois meses meses preso em 2010, acusado de comandar um esquema de corrupção batizado de "mensalão do DEM" e de tentar comprar o silêncio de uma testemunha.
Segundo dados da ferramenta
Radar do Congresso, plataforma de dados do
Congresso em Foco, em 94% das votações nominais na Câmara, a deputada votou alinhada à orientação do governo.
O líder do governo na Câmara,
Ricardo Barros (PP-PR), considera que Bolsonaro fez um avaliação de desempenho de seus auxiliares e promoveu as mudanças que achava necessárias para este momento. No Planalto, a deputada substituirá o general Luiz Eduardo Ramos, que será remanejado para a Casa Civil, onde substituirá Braga Neto, que assumirá o Ministério da Defesa com a saída do general Fernando Azevedo e Silva, anunciada esta tarde.
"O general Ramos estava adaptado e fazendo muito bem a articulação política e continuará a fazê-la na Casa Civil. A deputada Flávia presidiu a Comissão de Orçamento e pode ajudar muito em um ano como este de reformas que exigem quórum qualificado", afirmou Barros ao Congresso em Foco. O líder do governo diz não haver relação entre a nomeação de Flávia Arruda e as críticas feitas na semana passada pelo presidente da Câmara ao governo. "Ali ele estava falando da condução da pandemia pelo governo", ressalta o deputado.
Lira disse que estava acendendo um "sinal amarelo" e que erros cometidos pelo governo não seriam mais tolerados e poderiam ser reprimidos com "remédioi amargo", termos interpretados como uma ameaça a Bolsonaro.
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